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Por que 'La La Land' deu mais certo que o esperado

Kyle Stock

24/02/2017 13h47

(Bloomberg) -- Baladas românticas melosas, diálogo Tecnicolor e uma pitada de dança ? "La La Land: Cantando Estações" tinha todos os ingredientes de um sucesso de bilheteria, pelo menos nos anos 1940. Hoje, o mercado massivo de cinéfilos gosta mais de ação que de romance, de alienígenas que de artistas e, acima de tudo, do próspero gênero de amigos super-heróis em collants.

Não surpreende que "La La Land" tenha feito sucesso com os críticos e que continue sendo um grande favorito ao Oscar de Melhor Filme no dia 26 de fevereiro. O improvável, no entanto, é a enorme popularidade geral do filme. Ultimamente, os filmes mais elogiados pela crítica tenderam a ter pouca influência com os consumidores: "Guerra ao Terror", que levou o Oscar em 2009, arrecadou apenas US$ 17 milhões nas bilheterias dos EUA, por exemplo. Mas "La La Land" está envolvendo-os como um clube de jazz conhecido por poucos que de repente se torna o lugar da moda. Parece que a vida está imitando a arte.

"Todos nós achávamos que seria algo muito especial", disse Erik Feig, um dos presidentes do grupo cinematográfico Lions Gate Entertainment, em uma entrevista. "Mas se você perguntasse a qualquer um de nós se chegaríamos perto dos US$ 400 milhões, teríamos dito para você acordar."

Com uma vitória no domingo e o impulso gerado pelo burburinho do Oscar, é provável que "La La Land" se torne o Melhor Filme de maior bilheteria desde "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", em 2003. Antes deste fim de semana, o filme que homenageia a cidade de Los Angeles havia arrecadado US$ 135 milhões nos cinemas dos EUA e mais US$ 206 milhões no exterior.

E ele continuará em cartaz durante mais algumas semanas ? talvez um período ainda maior se ganhar o Oscar. Além disso, o filme só está passando nos cinemas da China, o segundo maior mercado cinematográfico do mundo, desde 14 de fevereiro.

Essa temporada dos sonhos nas salas de cinema, no entanto, não deu certo por acaso. Ela é produto de uma série de decisões astutas e, de certo modo, extravagantes. Em Hollywood, a Lions Gate é mais conhecida como uma espécie de investidora em valor. Ela costuma financiar filmes de pequeno e médio porte que tenham "potencial de sucesso estrondoso". Ela também divide o risco convocando parceiros de financiamento e, de vez em quando, reduz seus custos concedendo uma parte dos lucros a grandes talentos.

Em vez do catálogo de quadrinhos da Marvel, ela ficou com a série "Jogos Vorazes". Em vez de "Guerra nas Estrelas", ela tem "Power Rangers". Na verdade, a Lions Gate teve alguns fracassos. Sua série "Divergente" só conseguiu uma fração do sucesso de "Jogos Vorazes". Mas, com o tempo, disse Feig, a companhia melhorou tanto suas decisões que 70 por cento de seus filmes são lucrativos.

Em termos de investimento, a Lions Gate tem algumas regras simples ? que se aplicam a qualquer empresa que queira se destacar na multidão: trabalhar com pessoas talentosas, proteger a visão delas e não tentar agradar a todos.

"A maioria de nossos filmes, de certo modo, são apostas que vão contra a corrente", disse Feig. "Estamos programaticamente orientados a assumir o fato de que algo seja diferente, porque queremos dar ao público o prazer de descobrir algo novo."