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Duas empresas aéreas dos EUA já abandonaram Cuba

Justin Bachman

14/03/2017 12h25

(Bloomberg) -- As empresas aéreas dos EUA que correram para Cuba no ano passado sabiam que seria duro. Mas o resultado foi uma dificuldade financeira tão inesperada que duas delas agora estão abandonando a ilha.

Na segunda-feira, a Frontier Airlines Holdings e a Silver Airways anunciaram planos de cancelar o serviço completamente. Citando um aumento de 300 por cento na capacidade da companhia aérea, a Silver informou que encerrará os voos em 22 de abril para seus nove destinos cubanos, rol que não incluía Havana. A empresa com sede em Fort Lauderdale, Flórida, não conseguiu aprovação regulatória no ano passado para voar para a capital cubana, o destino mais valorizado para as empresas aéreas dos EUA.

"Não é do interesse da Silver e dos membros de sua equipe comportar-se da mesma forma irracional que as demais aéreas", disse a porta-voz Misty Pinson por e-mail. "Contudo, a Silver continuará monitorando as rotas cubanas e estudará retomar o serviço no futuro se o ambiente comercial mudar."

A Silver já havia reduzido os voos semanais a seis cidades cubanas devido ao que chamou de "excesso de voos e aeronaves desproporcionais" dos EUA, e começou a colocar sua aeronave Saab de 34 assentos focada no serviço para as Bahamas. A incapacidade de vender voos para Cuba por meio das grandes agências de viagens on-line, como Expedia e Priceline, também prejudicou o desempenho da rota, escreveu Pinson.

Enquanto isso, a Frontier, que tem sede em Denver, EUA, informou que encerrará seu voo diário Miami-Havana em 4 de junho devido ao excesso de capacidade e aos custos operacionais "significativamente" superiores aos esperados.

Os cancelamentos não surpreendem, considerando o relativo desequilíbrio de oferta das empresas aéreas dos EUA e de demanda de viajantes nas rotas a Cuba. A Frontier normalmente é ágil no cancelamento de serviços deficitários e a Silver havia criticado publicamente a capacidade que suas concorrentes estavam colocando na ilha, antes mesmo do início dos novos voos.

No início deste ano, a maior empresa aérea com voos para Cuba, a American Airlines, reduziu o serviço diário em 25 por cento e passou a optar por jatos menores em algumas rotas. A JetBlue Airways, por sua vez, anunciou que utilizará aviões menores para atender diversas rotas para se ajustar à demanda menor que a esperada.

"Paciência é a palavra do momento", disse Gary Kelly, CEO da Southwest Airlines, aos funcionários no fim do mês passado. Ele disse que a empresa aérea não estabeleceu "nenhuma expectativa alta" para seus seis voos diários a Cuba, que atendem Havana e outras duas cidades. "Fomos a Cuba com a ideia de ficar com eles por algum tempo -- pelo menos um ano -- e depois reavaliar, dar algum tempo para eles se desenvolverem. Tivemos investimentos mínimos com esses voos e no negócio das empresas aéreas, se você não gosta do mercado pode facilmente redistribuir o avião."

A corrida aérea para Cuba veio "sem dados para se ter alguma ideia a respeito de qual seria o nível de demanda", disse o CEO da American Airlines, Doug Parker, em 2 de março, em uma conferência do setor de aviação. "Nós erramos quando colocamos muitos assentos e agora fizemos um ajuste."