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Emergentes são 'negócio da década', diz conselheiro da Pimco

Ben Bartenstein

16/03/2017 13h01

(Bloomberg) -- O investidor que chamou os mercados emergentes de "negócio da década" antes da alta do ano passado prevê mais ganhos pela frente.

Christopher Brightman, diretor de investimentos da Research Affiliates, afirma que apesar de as ações dos mercados emergentes custarem mais agora do que quando ele fez a projeção, em fevereiro de 2016, os papéis continuam sendo "uma enorme pechincha". Ele comparou as avaliações deles com as ações dos EUA, que segundo seu indicador preferido estão no nível mais caro desde a bolha das pontocom, no fim dos anos 1990.

O gestor de fundos afirma que as ações e os títulos dos mercados emergentes têm sido atacados injustamente devido à preocupação em relação à perspectiva de juros globais maiores e de queda das commodities. Apesar de terem passado por altos e baixos nas últimas décadas, os investidores estão sendo compensados pelo risco e têm a oportunidade de entrar no início em um bull market de vários anos, segundo a Research Affiliates, uma subconselheira de gestoras de recursos como Pacific Investment Management Co. (Pimco), Invesco e Charles Schwab.

"É preciso voltar lá atrás e questionar como tudo isso ficou tão barato", disse Brightman, de Newport Beach, Califórnia. "As pessoas finalmente perceberam que a economia mundial não está chegando ao fim, e foi isso que estabeleceu o piso para os mercados emergentes."

O MSCI Emerging-Markets Stock Index subiu 31 por cento desde que Brightman fez sua projeção, no ano passado, enquanto o índice da Bloomberg de dívidas denominadas em dólares dos países em desenvolvimento deu retorno de 10 por cento.

A análise do Shiller P/E Ratio, um indicador de avaliação baseado em índices preço/lucro ajustados ciclicamente, mostra que os investidores em ações estão pagando um ágio elevado pelas ações dos EUA na comparação com os papéis dos mercados emergentes e de países desenvolvidos da Europa, diz Brightman.

"Estão sendo pagos duas vezes mais por uma fonte de ganhos nos EUA do que no Reino Unido, na Alemanha e no Japão", disse ele. "Não estamos sequer falando de países assustadores como Turquia, Rússia e Brasil."

Brightman vê ganhos também fora dos EUA impulsionados pela queda iminente do dólar. Ele afirma que ficou impressionado em viagens ao Canadá, à União Europeia e ao Reino Unido ao ver como tudo parece barato em dólares. Na comparação com sua média histórica, o dólar está caro, um típico prenúncio de que haverá depreciação nos próximos anos, diz ele.

Os ativos dos mercados emergentes respondem por 35 por cento dos US$ 40 bilhões em ativos que a Research Affiliates gerencia para a Pimco, segundo Brightman, que administrava o fundo de doações da Universidade de Virgínia antes de entrar na empresa cofundada por Rob Arnott em 2002.

No ano passado, seu Pimco RAE Fundamental Emerging Markets Fund subiu 33 por cento e teve um desempenho mais de 20 pontos percentuais superior ao índice de referência, impulsionado por posições overweight para empresas de energia do Brasil e da Rússia e para produtoras de ouro da África do Sul. O fundo perdeu 23 por cento em 2015, resultado muito pior que a queda de 17 por cento do índice de referência.

No caso das ações de países em desenvolvimento, ainda é possível encontrar oportunidades nos mercados de energia e de recursos naturais, enquanto marcas de produtos de consumo conhecidas, normalmente vistas como apostas mais seguras, têm uma avaliação excessiva, disse Brightman.

Ele também vê títulos em moedas locais de países em desenvolvimento negociados com desconto, especialmente papéis de Turquia, Malásia, Indonésia e México.