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Novartis recorre aos ricos para lutar contra doenças crônicas

James Paton

30/03/2017 15h52

(Bloomberg) -- Uma das maiores farmacêuticas do mundo tem um novo plano para fazer com que mais medicamentos cheguem a um número maior de pessoas: usar fundos de investidores ricos para desenvolver sistemas de atendimento médico em países de baixa renda.

A gigante farmacêutica suíça Novartis está em negociações com bancos para criar um fundo para investidores interessados em oportunidades com impacto social, disse Harald Nusser, diretor de negócios sociais da companhia, em entrevista de Londres. Um fundo de US$ 1 bilhão criado pela Abraaj Group, a empresa de private equity com sede em Dubai, é um modelo possível, disse ele.

A iniciativa se destina a melhorar o tratamento de doenças crônicas como doenças cardíacas e diabetes, que atraem menos de 2 por cento das doações para doenças, segundo estimativa da Novartis. No ano passado, a unidade de gestão de riqueza do UBS Group aproveitou o interesse cada vez maior em investimentos com impacto e levantou US$ 471 milhões para um fundo de oncologia que destinará parte dos lucros a pesquisas sobre câncer e ao atendimento médico em mercados emergentes.

"Detectamos dois ou três candidatos interessantes em colaborar para que isto avance", disse Nusser, que não quis identificar nenhum dos bancos. "Alguma coisa vai acontecer."

Investimentos

O fundo de saúde da Abraaj planeja investimentos em hospitais e clínicas nos bairros mais pobres de Nairóbi, Lagos e Adis-Abeba. Ele atraiu dinheiro de fundações, investidores institucionais, empresas de tecnologia da saúde e outros, escreveu a empresa em um e-mail na segunda-feira. Várias companhias, entre elas a fabricante de aparelhos médicos Medtronic, apoiaram o fundo.

Juntar-se a um banco tornaria a Novartis uma das primeiras empresas farmacêuticas a fazer esse tipo de parceria para investir em países com recursos públicos escassos - e também provavelmente gerará ceticismo.

"Sempre há certa suspeita de que o laboratório está fazendo isso para facilitar o acesso a produtos-chave e não para melhorar o sistema", disse Jayasree Iyer, diretora executiva da Access to Medicine Foundation, associação sem fins de lucro com sede nos Países Baixos.

Estratégias

No ano passado, a organização de Iyer classificou a GlaxoSmithKline, a Johnson & Johnson e a Novartis como as empresas com as três melhores estratégias para melhorar o acesso a medicamentos em regiões de renda baixa e média. A Novartis planeja expandir um programa que oferece uma cesta de 15 medicamentos em países de baixa renda a um preço de US$ 1 por tratamento por mês, para combater problemas como doenças cardiovasculares e respiratórias, diabetes e câncer de mama.

Trabalhar com bancos ampliaria o leque de parcerias da Novartis, que já colabora com organizações religiosas e não-governamentais, assim como com universidades.

A África é um foco especial à medida que os grupos de private equity agem para aproveitar a crescente demanda por produtos de cuidados da saúde.

As farmacêuticas não podem simplesmente aparecer e lançar seus remédios, disse Iyer. Juntamente com os bancos, elas "precisam fazer parte do debate sobre como resolver os problemas de financiamento".