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Grandes petroleiras começam a aceitar ajuda do Vale do Silício

David Wethe

18/04/2017 11h24

(Bloomberg) -- O cavalo mecânico foi inventado há quase um século e ele ainda trabalha muito no campo petrolífero, praticamente sem mudanças, extraindo petróleo do solo. Mas ocorreu uma inovação recente: algoritmos ajustam o fluxo de extração com base no monitoramento por computador centenas de metros sob o solo.

Até que enfim. "A América do Norte onshore costumava ser um mercado no qual a tecnologia de ponta caminhava para ser humilhada", disse Tom Curran, analista de energia da FBR Capital Markets & Co. "Ocorreu uma mudança clara e pela primeira vez na história recente se aposta na tecnologia na América do Norte onshore."

A pior queda do mercado de petróleo bruto em uma geração levou as companhias de energia para o mundo digital. Elas já tinham posto à prova seus limites físicos com força bruta, aumentando as injeções de areia para tirar mais petróleo de bolsões subterrâneos e perfurando poços cada vez por mais tempo. Agora, elas estão empregando sequenciamento de DNA para rastejar moléculas de petróleo bruto e mapeando fluxos soterrados com software de geração de imagens. Robôs encaixam canos. Petroleiros consultam aplicativos para dispositivos móveis por conselhos para direcionar os furos. Os fornecedores de serviços para campos petrolíferos se encontram em uma nova corrida armamentista, encabeçada pelo colosso Schlumberger, que recentemente abriu um escritório na Rua Sand Hill, no coração do Vale do Silício.

Revolução

É uma verdadeira revolução, porque muitos exploradores e perfuradores, se não a maioria, demoraram teimosamente em procurar ajuda no software. Historicamente, eles têm sido um grupo conservador. E durante os bons tempos com o barril de petróleo a US$ 100, os lucros fluíam tão rápido que não havia incentivos para experimentar. A forte queda no preço para US$ 50, a partir de 2014, abriu muitas mentes e iniciou uma passagem radical para a busca de mais eficiência com análise de dados e analítica preditiva, com o objetivo de tirar mais petróleo da rocha com menos custos.

"A promessa de petróleo e de gás para o futuro é começar a utilizar os dados que temos e depois adquirir mais e utilizar mais", disse Ashok Belani, vice-presidente executivo de tecnologia da Schlumberger. "Os dados no setor de petróleo e gás nunca foram organizados como empresas como o Google ou a Amazon organizariam." Além do mais, apesar de todos os progressos recentes, "o jogo acaba de começar".

Um poço petrolífero de US$ 10 milhões deveria ter a mesma conectividade constante e capacidade de diagnóstico para se ajudar sozinho que um Chevrolet de US$ 30.000. Para chegar a esse ponto, as empresas de energia "tem que concordar com trabalhar de outra forma", disse Belani.

A Schlumberger plantou sua bandeira quando abriu seu Technology Innovation Center em 2015 a menos de 2 quilômetros a oeste da Universidade Stanford. Veteranos do setor de petróleo e especialistas em tecnologia recém-formados trabalham juntos no prédio de dois andares que respeita zelosamente as tradições do Vale do Silício, com uma mesa de pingue-pongue, pufes, almoços com bufê e aulas de ioga.

"Trata-se de tomar essa experiência em campos petrolíferos e misturá-la com uma forma de trabalhar da tecnologia digital no Vale do Silício", disse Jan Smits, engenheiro e diretor de tecnologia de software da Schlumberger. "É ali que a magia acontece."