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Análise: Real vira refém de reformas e previsões se dividem

Aline Oyamada

15/05/2017 11h24

(Bloomberg) -- O real está estagnado e apenas uma mudança drástica nas perspectivas de aprovação das reformas pode ser capaz de mudar significativamente sua direção.

A moeda não ultrapassou suas médias móveis de 50 e 200 dias no mês passado porque o otimismo com as reformas não foi suficiente para desencadear um rali em meio à queda dos preços das commodities.

Os principais analistas de moedas da América Latina dizem que, mesmo que sinais de aprovação antecipada da reforma da Previdência possam dar um impulso, potenciais gatilhos para um movimento mais amplo da moeda no curto prazo devem ser para o lado negativo. Qualquer sinal de atraso nas reformas, continuação da queda nos preços das commodities ou pico do dólar nos EUA poderia levar a moeda a enfraquecer.

"Esperamos que o dólar se recupere com dados positivos dos EUA e uma alta nos yields nominais e reais dos Estados Unidos, o que provavelmente vai pesar sobre o real", disse Georgette Boele, estrategista de moedas do ABN Amro Bank em Amsterdã. Sua projeção é de que a moeda encerrará o trimestre atual perto de 3,2 por dólar e cairá para 3,3 até o fim do ano.

Boa parte do otimismo com a melhora da economia já foi precificado, gerando algum desconforto com qualquer valorização do real. A volatilidade implícita de um mês da moeda caiu 20 por cento neste ano.

Qualquer notícia de que a reforma da Previdência será aprovada antes do esperado pode impulsionar o real, disseram os analistas mais precisos para moedas latino-americanas no primeiro trimestre, segundo rankings da Bloomberg. A medida é essencial para reduzir o déficit orçamentário e conter a dívida pública, que está em tendência de alta, e resultou na perda do grau de investimento do país dois anos atrás.

"No longo prazo, não há fator mais importante do que a aprovação da reforma da Previdência", disse Gustavo Rangel, economista para a América Latina da ING Financial Markets em Nova York. Ele vê o real disparar para 2,9 por dólar se e quando a reforma for aprovada, o que está em seu cenário base, e terminar o ano a 3,1 por dólar.

O que respalda a previsão de um real mais forte é o retorno do carry-trade no Brasil, que continua sendo um dos melhores do mundo: comprar real com dólares emprestados deu retorno de 24 por cento nos últimos 12 meses, inferior apenas ao registrado pelo rublo russo entre 42 moedas monitoradas pela Bloomberg.

"Muitos investidores estão esperando a aprovação da reforma para colocar dinheiro no Brasil", disse Rangel.