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May inquieta empresas britânicas com redefinição do capitalismo

Alex Morales, Robert Hutton e David Hellier

18/05/2017 13h00

(Bloomberg) -- Para um dos mais famosos veteranos do private equity do Reino Unido, Theresa May é a primeira-ministra do Partido Conservador menos favorável aos negócios em décadas.

May, que se apropriou de políticas do Partido Trabalhista, de oposição, disse na quinta-feira que rejeitará a "base central definida pelas elites" e que governará para as pessoas comuns. Medidas como limites ao preço da energia e direitos melhores para os trabalhadores serão incluídas no manifesto da eleição que deverá ser divulgado às 11 da manhã, pelo horário local. Outras ideias, como limitar os salários dos executivos, podem não entrar no texto final, mas causaram alarme no centro financeiro de Londres.

"Theresa May sabe que tem garantido o voto da direita, por isso está tentando conseguir o máximo possível de votos do Partido Trabalhista", disse Jon Moulton, fundador do grupo de private equity Better Capital e presidente do conselho da corretora FinnCap. "Mas algumas das políticas dela deixarão as coisas muito difíceis para as empresas. Se ela colocar muitas políticas favoráveis aos empregados em vigor, o mercado britânico simplesmente se tornará um lugar menos competitivo."

May entendeu, com o resultado do referendo do Brexit do ano passado, que os eleitores estavam irritados com a desigualdade e com a situação geral e viu uma oportunidade de o Partido Conservador canalizar essa frustração. Resta saber se ela conseguirá encontrar um meio-termo que atenda às objeções dos eleitores ao capitalismo sem minar as empresas e a economia do Reino Unido.

Prevenção ao populismo?

"Os salários reais estão caindo e a confiança nos negócios, diminuindo, ou seja, é uma política sensata lidar com a insatisfação dos eleitores em relação ao modo em que a economia funciona para eles tentando tornar os mercados justos", disse James Kirkup, diretor da Fundação do Mercado Social (SMF, na sigla em inglês). "É também uma forma de impedir que o Reino Unido sucumba a um populismo realmente antimercado."

O salário médio real no Reino Unido caiu seis anos seguidos após a crise de 2007 e ainda está abaixo do nível pré-crise. Dados publicados na quarta-feira mostraram que após dois anos e meio, eles estão caindo novamente. E as rendas serão submetidas a uma pressão maior nos próximos anos com os cortes de benefícios em meio à continuidade do programa de austeridade do governo e ao aumento da inflação resultante da desvalorização da libra.

May, que se tornou líder do partido de Margaret Thatcher como resultado do referendo do Brexit, afirma estar determinada a confrontar as dificuldades dos eleitores. No dia em que se tornou primeira-ministra, em julho passado, ela prometeu combater as "injustiças" da desigualdade no Reino Unido, dizendo que "não consolidaremos as vantagens dos poucos afortunados". Na conferência do partido, em outubro, ela atacou as "elites" e os líderes empresariais que não pagam seus impostos, colocando-os em "alerta: isso não pode continuar".