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Europa desafia Tesla e constrói megafábricas de bateria

Anna Hirtenstein

22/05/2017 12h38

(Bloomberg) -- As megafábricas de baterias estão prestes a chegar à Europa, desafiando a liderança que a Tesla está construindo com sua planta de Nevada e abrindo caminho para uma mudança mais rápida em direção à energia verde para carros e distribuidoras de eletricidade.

Nesta segunda-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, deve dar início à construção de uma fábrica de 500 milhões de euros (US$ 543 milhões) para montagem de unidades de armazenamento de energia de íon de lítio para a Daimler, que produz carros de luxo Mercedes-Benz e Maybach.

A instalação localizada a 130 quilômetros ao sul de Berlim destaca o impulso das grandes fabricantes de automóveis e das companhias de energia rumo ao armazenamento de energia. A tecnologia é crucial para alimentar a próxima geração de veículos verdes e para armazenar a eletricidade dos parques eólicos e solares para quando for mais necessária. Com dois setores dominantes movendo-se na mesma direção, é provável que o custo das baterias caia rapidamente, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

"À medida que os custos das baterias caírem e sua densidade energética aumentar, poderemos ver carros movidos a bateria mais baratos do que seus equivalentes movidos à queima de combustível em 2030", disse Nikolas Soulopoulos, analista do braço de pesquisa da Bloomberg LP em Londres.

A capacidade global de produção de baterias deverá mais que dobrar até 2021, chegando a 278 gigawatts-hora, contra cerca de 103 gigawatts-hora atualmente, segundo a BNEF. A participação de mercado da Europa deverá quase duplicar os atuais 2,5 por cento no período.

As fábricas em grande escala planejadas na Suécia, na Hungria e na Polônia, além da unidade de montagem de baterias da Daimler na Alemanha, deverão alimentar a demanda de fabricantes de veículos como Volkswagen e Renault. Isso reduzirá o custo dos conjuntos de íon de lítio em 43 por cento e transformará os carros elétricos em realidade para a massa, estima a empresa de pesquisa.

No caso das distribuidoras de eletricidade, as baterias mais baratas reduzem o custo das unidades de armazenamento que melhoram os fluxos variáveis de energia elétrica para a rede a partir de fontes renováveis. Na Enel, a maior distribuidora da Itália, a combinação de uma bateria com um parque eólico ajudou as gestoras da rede a melhorarem as projeções para a produção de eletricidade da planta em até 30 por cento.

"As baterias são claramente um fator-chave para a penetração das energias renováveis", disse Riccardo Amoroso, chefe de inovação da Enel. "Vimos resultados impressionantes em nossos projetos-piloto de escala industrial, especialmente em termos de aumento da programação e redução da intermitência."

De forma similar, a empresa finlandesa Fortum está testando baterias para seu plano de um gigawatt para projetos solares e eólicos, segundo o diretor financeiro Markus Rauramo.

Usadas desde o início da década de 1990 em eletrônicos de consumo como computadores e telefones, as baterias de íon de lítio deram um salto para os setores de transporte e energia. Mas devido ao seu custo, sua aplicação na rede e em carros começa a se espalhar apenas agora. O boom das baterias será mais evidente para os consumidores nos veículos elétricos, já que a maioria das grandes fabricantes de veículos planeja modelos plug-in até a metade da próxima década.