Fazenda resiste à pressão política por mais afagos: Fontes
(Bloomberg) -- A pressão sofrida pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem desde servidores públicos que cobram tributos menores a agricultores que exigem perdão de dívidas e ministros que contam com algum afrouxamento para viabilizar projetos de infra-estrutura, disseram quatro pessoas com conhecimento das discussões sob a condição de anonimato.
A Fazenda está tentando trabalhar com os R$ 3 bilhões que descontingenciou no último mês e ajudar o governo, mas alega que as contas de 2017 estão apertadas e difíceis de cumprir sem receita extra.
Segundo uma das fontes, um dos entraves aconteceu na discussão sobre o Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (Funrural). Para o programa, chegou-se a cogitar o perdão das dívidas dos produtores junto à União, mas a Fazenda aceitou que o débito fosse apenas parcelado. A medida agora aguarda posicionamento da Casa Civil.
Outro exemplo é o Avançar, o programa de infraestrutura que será anunciado nos próximos dias para substituir o PAC. Os pleitos de um ministro por mais recursos foram recebidos com pouco entusiasmo pela Fazenda, de acordo com três dessas pessoas.
Ao analisar perspectivas até o final do ano, Meirelles tem dito a investidores que pretende deixar o corte no orçamento em R$ 30 bilhões, sendo que hoje o contingenciamento previsto é de R$ 38,97 bilhões.
A redução do contingenciamento depende, no entanto, de medidas que precisam ser aprovadas no Congresso e de uma recuperação da previsão de receitas para o ano.
Quando Meirelles leva ao presidente contas apertadas, Michel Temer demonstra apoiar o chefe da equipe econômica, disse um auxiliar presidencial. Procurado, o Planalto disse em nota que o governo "mantém seu compromisso de equilibrar as contas públicas e atingir seu objetivo fiscal". A Fazenda não quis comentar.
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