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Produção de lítio do Chile precisa de consolidação, diz Codelco

Laura Millan Lombrana

12/07/2017 14h21

(Bloomberg) -- A maior exploradora de cobre do mundo tem negócios a fazer antes de poder se autoproclamar produtora de lítio.

A Codelco está à procura de um sócio para desenvolver um projeto de lítio no deserto de sal de Maricunga, no norte do Chile. Mas o direito de propriedade de Maricunga mantido pela empresa estatal, por si só, é insuficiente para sustentar uma mina, disse o presidente do conselho da companhia, Oscar Landerretche. Isso significa que as empresas interessadas em formar parceria com a Codelco precisarão oferecer um plano viável para reunir algumas das mais de 20 pessoas e empresas donas de direitos de mineração na nova fronteira do lítio no Chile.

"Há muitos proprietários e uma parte central do modelo de negócios é que quem ganhar oferecerá um caminho para consolidar Maricunga", disse Landerretche, em entrevista em seu escritório, em Santiago. "Do contrário, é impossível que um projeto nesse deserto de sal se torne viável."

A demanda pelo mineral que é componente-chave das baterias recarregáveis deverá aumentar cerca de 15 por cento ao ano nos próximos anos à medida que empresas como a Tesla começarem a vender carros elétricos para o mercado de forma mais ampla. O Chile possui as maiores reservas conhecidas de lítio e todas as suas exportações são provenientes do deserto de sal do Atacama. O Maricunga deve ser o próximo.

Entre as empresas que possuem direitos na área estão a Soc. Química & Minera de Chile, uma das maiores produtoras de lítio do mundo. Mas a SQM está envolvida em uma disputa com as autoridades sobre as condições de sua concessão no Atacama, o que constitui um obstáculo para que a Codelco forme parceria com a empresa em Maricunga.

"Na condição de empresa estatal, sempre será melhor para a Codelco trabalhar com empresas que não tenham conflito com o Estado chileno", disse Landerretche. "Estamos sendo muito neutros com os proprietários dos direitos. Se eles participarem da oferta, serão tratados como qualquer outro concorrente."

A SQM realizou explorações preliminares e desenhos conceituais em Maricunga, informou a empresa com sede em Santiago em resposta por e-mail a perguntas. "Estaríamos dispostos a trabalhar com a Codelco ou com outras companhias se houver sinergias e interesses correspondentes."

Entre as demais empresas com direitos em Maricunga estão a NewCo, que pertence à Lithium Power International, com sede em Sidney, a Li3 Energy, com sede em Lima, e a chilena Minera Salar Blanco. A NewCo deverá concluir um estudo de viabilidade para seu projeto em Maricunga no fim de 2018.

Segundo melhor

Os direitos restantes de Maricunga pertencem a pequenos proprietários.

A Codelco recebeu demonstrações de interesse de muitos candidatos a parceiros para produção de lítio em um processo de seleção que deverá ser concluído até o fim do ano, disse Landerretche.

"Ainda não está claro se apenas uma empresa se associará a nós ou se serão várias", disse ele, que preferiu não identificar as candidatas. "O modelo de negócio será definido no decorrer do processo."

Maricunga é o segundo melhor deserto de sal do Chile depois do Atacama, disse Daniela Desormeaux, CEO da consultoria signumBOX, em entrevista em seu escritório, em Santiago.

Os ofertantes precisam criar um modelo para explorar a área e desenvolver um projeto para processamento de salmoura e venda de lítio. Além disso, devem levar em conta outras dificuldades técnicas, como a altitude mais elevada que a do Atacama.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórter da matéria original: Laura Millan Lombrana em Santiago, lmillanlombr@bloomberg.net.