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Petroleiras projetam recuperação dos preços do barril em 2020

Rakteem Katakey

13/07/2017 14h34

(Bloomberg) -- Três anos após o início da maior queda do petróleo em uma geração, os líderes do setor veem a recuperação mais distante.

Os tempos melhores podem facilmente demorar até o fim da década para retornar a um setor que já sofreu uma queda mais longa do que a maioria das pessoas esperava, segundo o CEO da Total, Patrick Pouyanne, e o chefe da Weatherford International, Mark McCollum. Os executivos reunidos no Congresso Mundial do Petróleo em Istambul disseram que ainda estão focados em reparar as finanças maltratadas e recompor suas operações para suportar os preços baixos.

"Em termos de magnitude de dano, esta é de longe a pior" crise do setor, disse McCollum. Pode ser necessário esperar até 2020 para ver o crescimento da demanda acelerar o suficiente ou para que surja um déficit de oferta que as produtoras dos EUA não consigam preencher. "Somente então os preços começarão a subir. Até lá, [o crescimento] se sentirá como algo muito tênue."

Trata-se de uma enorme reviravolta em relação ao último Congresso Mundial do Petróleo em Moscou, em 2014, quando especulava-se que o petróleo poderia chegar a US$ 125 depois que o precursor do Estado Islâmico tomou algumas regiões do norte do Iraque. Três anos depois, o Iraque expulsou os extremistas islâmicos da cidade de Mossul, mas a indústria do xisto dos EUA, que provocou a queda para menos US$ 30, sobreviveu e prosperou. Mesmo com a Opep reduzindo sua produção, bancos como o Goldman Sachs e o BNP Paribas estão reduzindo suas projeções de preços para os próximos anos.

Novo normal

"Petróleo mais barato por mais tempo, esse é o novo normal", disse Lorenzo Simonelli, CEO da Baker Hughes, em Istambul. A exploração perdeu força e as produtoras de fora das áreas do xisto dos EUA não estão ampliando os investimentos, disse ele.

A Exxon Mobil está discutindo quais projetos serão os mais resilientes se a queda dos preços continuar, disse Stephen Greenlee, presidente da unidade de exploração da empresa, na conferência. O CEO da BP, Bob Dudley, disse que sua empresa tem muito trabalho com a lista atual de projetos em meio à oferta abundante.

O petróleo ainda mostra abatimento abaixo de US$ 50, metade do nível de três anos atrás. Dinesh Kumar Sarraf, presidente do conselho da estatal indiana Oil & Natural Gas Corp., disse que as empresas precisam aprender a viver com isso e até se preparar para um "preço menor eterno para o petróleo".

"Como empresas, temos que nos manter muito disciplinados em relação aos gastos e não supor que o preço subirá", disse Dudley, da BP. "A época do petróleo a US$ 100 acabará sendo uma aberração. Nós ganhávamos dinheiro com o petróleo a US$ 40 e ganhávamos dinheiro com o petróleo a US$ 25."

Dudley, que estava entre os primeiros chefes de grandes petroleiras a prever que a desaceleração continuaria por mais tempo que o esperado, vê uma luz no fim do túnel. Os preços acabarão aumentando quando a demanda superar a oferta e reduzir os estoques superlotados.

"O preço será mais baixo por mais tempo, mas não para sempre", disse ele, em um jantar do setor, em Istambul.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórter da matéria original: Rakteem Katakey em Londres, rkatakey@bloomberg.net.