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Petrobras acelera venda de ativos para enfrentar barril barato

Peter Millard e Kariny Leal

14/07/2017 11h49

(Bloomberg) -- A Petrobras está intensificando as vendas de ativos, mesmo em um momento em que os preços do petróleo persistentemente baixos e a política interna conturbada tornam seu vasto número de campos de petróleo, refinarias e unidades de distribuição menos atraentes.

Por que vender em um mercado de compradores? Porque a petroleira estatal não pode simplesmente aguardar a melhora do ciclo do petróleo. A empresa ainda detém a maior dívida entre todas as petroleiras de capital aberto, mesmo após anos de desinvestimentos e cortes de custos, e não consegue quitá-la simplesmente com produção e comercialização de petróleo.

Nas últimas duas semanas a Petrobras anunciou a venda de um campo de petróleo offshore no Brasil e de seus postos de combustíveis no Paraguai e a oferta pública inicial da unidade BR Distribuidora, a maior distribuidora de combustíveis da América Latina. Além disso, assinou um memorando com a China National Petroleum Corporation, ou CNPC, para uma união para possíveis investimentos no setor. Suas ações e títulos tiveram desempenhos superiores aos de seus pares até esta altura do mês.

A Petrobras, antes uma das corporações mais admiradas do Brasil por seu conhecimento técnico em águas profundas e alcance internacional, está trabalhando para reconstruir a confiança dos investidores após desembarcar no epicentro do maior escândalo de corrupção do Brasil, que levou a bilhões de dólares em baixas contábeis e a uma ação judicial coletiva nos EUA. O sucesso inicial do presidente Pedro Parente com os desinvestimentos, no ano passado, ajudou a reduzir os custos dos empréstimos e a estimular um rali das ações da companhia.

O trabalho dele não terminou. A Petrobras tem US$ 18 bilhões em obrigações com vencimento em 2018, mesmo depois de estender os vencimentos, no início do ano, em uma troca de dívidas. A Petrobras tem uma meta muito ousada e ambiciosa de venda de ativos, em 2017 e 2018, que somam US$ 21 bilhões, disse Luiz Caetano, analista da Planner Corretora.

"O momento do mercado internacional de petróleo não é de grande desejo para comprar ativos", disse Caetano, por telefone, de São Paulo. "Como eles têm esse objetivo grande, não há tempo para pensar se é um bom momento ou não."

Será difícil vender os campos de petróleo porque o óleo bruto vale menos da metade do pico de 2014 e por causa dos efeitos da turbulência política no Brasil, disse Chris Kettenmann, estrategista-chefe de energia da Macro Risk Advisors. Ele está mais otimista em relação às perspectivas para a BR Distribuidora, que tem uma rede de cerca de 8.000 postos de gasolina no Brasil.

A Petrobras afirmou em um e-mail de resposta a perguntas que manterá sua meta de desinvestimentos, mas preferiu não detalhar o tamanho da participação que pretende vender na BR Distribuidora por meio da oferta de ações.

A distribuidora pode ser uma fonte importante de recursos para reduzir dívidas e é um negócio atraente devido ao potencial de crescimento das vendas no Brasil, afirmou o Bank of America em relatório de pesquisa de 12 de julho. Uma nova gestão também poderia simplificar custos e melhorar sua marca, segundo o relatório.

"Esse é o maior pacote de ativos que eles levaram ao mercado", disse Kettenmann.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Peter Millard em Rio De Janeiro, pmillard1@bloomberg.net, Kariny Leal no Rio de Janeiro, kdeoliveira1@bloomberg.net.