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Yellen traz otimismo de volta às bolsas de mercados emergentes

Srinivasan Sivabalan e Selcuk Gokoluk

14/07/2017 13h49

(Bloomberg) -- As bolsas de países em desenvolvimento dão sinais de que o otimismo voltou, após a presidente do banco central dos EUA indicar que a era do dinheiro barato não termina tão cedo.

As ações se aproximam de um nível técnico que não se via há sete anos. Um fundo que pretende multiplicar o retorno na renda variável chegou ao maior nível em dois anos. Já um fundo que lucra com a queda das ações desabou para o menor nível até hoje. Essas indicações foram corroboradas por um padrão que mostra que o avanço das ações nos países em desenvolvimento é o mais robusto em quase uma década.

O apetite por ações de países emergentes ? apesar do tombo que tomaram nas últimas duas semanas ? está voltando após Janet Yellen sinalizar em depoimento ao Congresso americano nesta quarta-feira que o Federal Reserve dará seguimento à trajetória gradual de elevações nos juros diante da inflação contida. Os comentários dela ajudaram a acalmar temores relativos aos múltiplos das ações, à desaceleração do crescimento econômico em países importantes como a Índia e à turbulência política no Brasil, Turquia e África do Sul.

"Voltamos a um clima de otimismo", disse Mathieu Negre, responsável por ações de mercados emergentes na Union Bancaire Privee UBP, em Londres. "Yellen confirmou que há maior atenção à inflação. Isso diminui a probabilidade de o Fed elevar os juros ou reduzir o balanço patrimonial."

A continuidade do ganho pode se confirmar se o índice da MSCI que acompanha bolsas de países emergentes completar a chamada "cruz dourada", formada quando a média móvel de 50 semanas rompe a média de 200 semanas com ambas as linhas em ascensão. Isso não acontece desde
2010 e as ações na ocasião subiram mais de 30 por cento nos 11 meses seguintes.

As palavras de Yellen também provocaram fortes oscilações em fundos negociados em bolsa (exchanged-traded funds ou ETFs) nos EUA. O Direxion Daily EM Bull 3X Shares ETF, que almeja o triplo do ganho do índice da MSCI, subiu para o maior nível desde junho de 2015. Já o ProShares UltraShort MSCI Emerging Markets ETF, que aposta contra a fim de dar retorno de 200 por cento na direção oposta do índice da MSCI, despencou para o menor patamar até hoje.

A tendência de alta nos mercados emergentes também se reflete no indicador da MSCI que mede a força relativa mensal. O RSI, que apura a velocidade de alta ou baixa das ações, agora está no maior nível desde dezembro de 2007 e se aproxima dos 70 pontos, onde se manteve por quatro anos antes da crise financeira, enquanto as bolsas dispararam 400 por cento. O mesmo índice previu corretamente a chegada de períodos de ganhos nas bolsas em 2001, 2009 e 2016.

O MSCI Emerging Markets Index registrou alta pelo quinto dia consecutivo na quinta-feira, ampliando o ganho do ano para 21 por cento.

Sinais de alerta não foram capazes de segurar a marcha dos mercados emergentes que, ainda assim, estão 25 por cento mais baratos do que os mercados desenvolvidos. O movimento resistiu a reviravoltas políticas e choques, incluindo a decisão do eleitorado britânico de sair da União Europeia, a eleição de Donald Trump à Casa Branca, sanções internacionais contra a Rússia e aperto monetário na China.

E agora os otimistas estão de volta.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Srinivasan Sivabalan em Londres, ssivabalan@bloomberg.net, Selcuk Gokoluk em London, sgokoluk@bloomberg.net.