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Parques solares fornecerão energia à noite no Oriente Médio

Anna Hirtenstein e Mathew Carr

18/07/2017 12h08

(Bloomberg) -- Usinas solares que fornecem eletricidade a preços competitivos após o pôr-do-sol estão prestes a virar realidade no Oriente Médio, segundo uma das maiores desenvolvedoras de usinas elétricas da região.

O CEO da ACWA Power International, Paddy Padmanathan, confirmou que sua empresa apresentou a oferta mais baixa para um projeto de US$ 1 bilhão que fornecerá eletricidade à rede para a Autoridade de Águas e Eletricidade de Dubai entre 16 horas e 10 horas. É provável que na sequência surjam mais usinas desse tipo, porque as empresas chinesas começarão a reduzir o custo dos equipamentos, disse ele.

O contrato de 200 megawatts em Dubai, que se estende por 25 anos, aproveitará uma tecnologia criada há duas décadas, chamada energia solar concentrada, ou energia heliotérmica (CSP, na sigla em inglês). Diferentemente da fotovoltaica, que gera carga diretamente da energia solar, as usinas térmicas usam espelhos para concentrar o calor na água, transformando-a em vapor para mover uma turbina. O calor pode ser armazenado em sal fundido para ser usado mais tarde. A tecnologia até o momento foi deixada para trás pela fotovoltaica em termos de custo, mas está se tornando mais competitiva rapidamente, disse o executivo.

"Estimo que dentro de 18 meses a energia solar concentrada estará disputando ombro a ombro com o gás de ciclo combinado, se não for mais competitiva", disse Padmanathan, em entrevista, em Londres. "O foco está na fotovoltaica e nas baterias, mas elas têm um limite de tempo de conservação de uma carga. Estamos provando que a CSP pode funcionar durante a noite."

Por ser capaz de reter o calor, a usina pode continuar operando após o anoitecer. A energia solar em alguns casos pode aquecer o sal fundido a 490 graus Celsius, o que permite que as operadoras prevejam quando a eletricidade fluirá.

Perspectiva incerta

Embora as usinas de energia heliotérmica estejam se tornando mais baratas, os custos da fotovoltaica também estão caindo, o que põe em dúvida se o projeto de Dubai realmente será tão atraente quanto a ACWA espera, disse Jenny Chase, chefe de análise solar da Bloomberg New Energy Finance.

"Esta usina em Dubai deverá ser entregue em 2021", disse Chase. "Estimamos que até lá a fotovoltaica solar e as baterias estarão na mesma ordem de grandeza em termos de custo e serão muito mais flexíveis do que uma usina heliotérmica. Além disso, muitos desses projetos estão operando abaixo do projetado, como por exemplo todas as usinas espanholas e algumas na Índia também."

Existem 319 gigawatts de painéis fotovoltaicos instalados em todo o mundo, contra cerca de 5 gigawatts de energia heliotérmica, segundo dados da BNEF. A implantação em massa reduziu os custos de equipamento dos painéis solares em cerca de 70 por cento desde 2010 e o último recorde foi estabelecido em Abu Dhabi, de 2,45 centavos de dólarpor quilowatt-hora. Para efeito de comparação, a energia heliotérmica estava em torno de 15 a 18 centavos de dólarpor quilowatt-hora até recentemente.