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Província canadense tem mensagem surpreendente para a Califórnia

Mathew Carr

19/07/2017 11h52Atualizada em 21/07/2017 09h45

(Bloomberg) -- O governador da Califórnia, Jerry Brown, acaba de conseguir uma grande vitória em seu esforço para combater as mudanças climáticas, mas a província canadense de Ontário afirma que está estimulando o governador a ir mais longe.

No momento em que os dois lados acertam os detalhes da fusão de seus mercados de carbono, planejada há tempos, o ministro do Meio Ambiente de Ontário, Glen Murray, afirma que há lacunas no sistema do estado americano que podem permitir que refinarias de petróleo e geradoras de energia lancem dióxido de carbono no ar a um custo baixo. Murray recomenda regras mais estritas que, segundo ele, evitarão que as empresas acumulem permissões que permitam que poluam por anos.

"Simplesmente não queremos autorizações desatualizadas flutuando pelo mercado", disse Murray antes da votação. "Nós sabemos que temos a opção de retirar essas autorizações, mesmo que eles não o façam."

A divisão ilustra o desafio enfrentado pelas autoridades locais e nacionais de todo o mundo na elaboração de políticas que limitem as emissões e gerenciem custos. E essas soluções estão sendo observadas de perto agora que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do acordo climático de Paris. Califórnia e Nova York estão entre os estados que se uniram a gigantes corporativas como Google e Wal-Mart prometendo continuar a trabalhar com outros países para preservar o pacto.

A legislação que amplia o programa de gases de efeito estufa para toda a economia da Califórnia até 2030, revelada por Brown na semana passada, foi aprovada nas duas casas legislativas do estado na terça-feira. As empresas, incluindo as petroleiras, pressionaram por uma extensão, afirmando que o programa é a forma mais econômica de cumprir a meta do estado para 2030 de reduzir os gases causadores do efeito estufa a um nível 40 por cento inferior ao de 1990.

A Califórnia permite que os emissores acumulem permissões de carbono não utilizadas, dando a eles mais tempo para liberar emissões sem pagar um valor extra. Ontário aplica um prazo de vencimento, depois do qual os créditos perdem todo o valor. As regras futuras ainda poderão alterar o valor das permissões até 2030, incluindo possíveis novas regras relacionadas ao prazo de utilização das permissões e à possibilidade de algumas delas serem colocadas em uma reserva para lidar com a oferta excessiva, segundo Alex Rau, negociante de carbono da Abatement Capital em São Francisco.

"Trata-se de uma extensão e não de uma reformulação completa da política climática", disse Rau. "Este é um resultado muito bom para o estado e para a política climática em geral."

Fusão de mercados

A fusão dos mercados de carbono, que inclui Quebec, era planejada desde 2015 e segundo Murray suas objeções não representam um obstáculo. Contudo, as mudanças que ele defende tornariam o programa mais agressivo e atrairiam mais capital, já que fundos de pensão e outros investidores estão se afastando cada vez mais dos combustíveis fósseis.

"Não sentimos falta da época do carvão, nem queremos a volta de uma economia que não existe", disse Murray. "Nossa visão seria diferente da de algumas pessoas da direita dos EUA, que têm uma política econômica nostálgica. Essa estrada não leva a lugar nenhum -- nós vemos o futuro como uma economia baseada na recuperação de recursos e não em novas extrações de recursos."

--Com a colaboração de Joshua Wingrove Carolyn Whetzel e Joe Ryan