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Airbnb tenta fazer as pazes com coletores de impostos no México

Andrea Navarro e Olivia Zaleski

20/07/2017 14h34Atualizada em 21/07/2017 09h25

(Bloomberg) -- Quando decidiu transformar seu apartamento na Cidade do México em um espaço para aluguel temporário por meio do Airbnb, Elvira Fernández nunca imaginou que ganharia até 50 por cento mais do que com um aluguel de longo prazo.

Elvira tem uma lista grande de motivos para apontar o Airbnb como sua melhor aposta: ela não precisa lidar com advogados, fiadores, inadimplência nem inquilinos ruins. Ela recebe o dinheiro no prazo, diretamente pelo Airbnb, e pode cancelar uma reserva imediatamente se o hóspede se comportar mal. Não que ela tenha precisado recorrer a isso; sua experiência até o momento foi praticamente perfeita.

"Meu primeiro aluguel foi para um casal que permaneceu um mês e meio, ou seja, eu tenho tido bastante sorte", disse a historiadora de 39 anos, por telefone, da Cidade do México. No início, ela achou que o negócio seria difícil porque o apartamento está localizado em um bairro residencial, o que não é exatamente um ímã de turistas. Mas não foi o caso. "Meu apartamento já está reservado de janeiro a maio do ano que vem. Imagine! É dinheiro garantido."

O Airbnb percebeu o sucesso de donos de imóveis como Elvira. A plataforma de compartilhamento de residências vê a capital mexicana como seu próximo grande mercado depois que os negócios da empresa na cidade quase triplicaram em 2016, o que transformou a metrópole em uma das cidades de mais rápido crescimento para a companhia.

Nova abordagem

O Airbnb abriu seu primeiro escritório na Cidade do México no início do ano e, em uma decisão que surpreendeu a muitos, procurou evitar as críticas que a atormentaram em outras partes do mundo fechando acordo com o governo local para coletar e remeter o imposto de ocupação, de 3 por cento. Anunciado no mês passado, o novo imposto é equivalente ao que os hotéis pagam na cidade. Em uma espécie de caso de teste, a empresa tentou evitar os vários problemas legais que enfrentou em cidades como Nova York e Barcelona dando às autoridades e às associações de hotéis uma dose maior daquilo que desejam: regulamentação.

"Temos números bem grandes no México", disse Nathan Blecharczyk, cofundador e diretor de estratégia da Airbnb, em entrevista, em São Francisco. "O compartilhamento de residências é muito popular lá e o governo local está entusiasmado com os benefícios que podemos proporcionar."

A empresa registrou mais de 1,5 milhão de visitas ao país por meio da plataforma entre junho de 2016 e maio de 2017, disse ele. As viagens dentro do México aumentaram nos dois primeiros meses do ano porque, com o peso mais fraco, os estrangeiros gastam menos para desfrutar das famosas praias do país, enquanto as viagens ao exterior ficaram mais caras para os mexicanos.

Alberto Albarrán, diretor da Associação de Hotéis da Cidade do México, concorda que a medida é "positiva", mas acha que é insuficiente. "Nós ainda temos que pagar licenças, permissões, seguro social, imposto de renda, temos que ter alarme de incêndio, alarme sísmico e folha de pagamento, só para citar alguns custos", disse ele, em entrevista, em seu escritório. "Ainda há muitos desafios."

A resposta de Blecharczyk? "Sempre haverá uma associação poderosa querendo mais."