Deutsche Bank se prepara para saída dura do Reino Unido da UE
(Bloomberg) -- O Deutsche Bank se prepara para uma saída dura do Reino Unido da União Europeia e provavelmente vai contabilizar a "vasta maioria" de seus ativos em Frankfurt, afirmou o presidente John Cryan em mensagem em vídeo aos funcionários.
"Há uma enormidade de detalhes a serem resolvidos e acertados; dependendo de como as regras e os regulamentos ficarem, tentaremos minimizar a perturbação para nossos clientes e para nosso pessoal", disse Cryan no vídeo. "Mas inevitavelmente funções precisarão ser transferidas ou pelo menos adicionadas em Frankfurt."
Um ano depois de o eleitorado britânico votar pela saída da UE, os maiores bancos do mundo estão procurando locais potenciais para algumas das operações que têm em Londres. A turbulência causada pelo Brexit é aliada ao desejo de Cryan de concentrar mais negócios na base do banco em Frankfurt, o centro financeiro da Alemanha.
Segundo Cryan, o banco não pode se dar ao luxo de adiar decisões relativas ao Brexit até sair o resultado das negociações sobre o relacionamento futuro do Reino Unido com a UE. Embora o Deutsche Bank não precise montar uma nova subsidiária no continente - diferentemente de alguns de seus rivais sediados fora do bloco --, é provável que o Brexit "nos impacte significativamente", ele disse.
Fontes relataram que a gravação foi recentemente postada na intranet do banco e mostra Cryan sendo entrevistado pelo diretor de comunicação, Joerg Eigendorf. Essas pessoas pediram anonimato por discutirem assuntos internos. Uma porta-voz da instituição, Monika Schaller, se recusou a comentar.
O Deutsche Bank planeja transferir para Frankfurt parte das operações de negociação de instrumentos financeiros e ativos da área de banco de investimento atualmente contabilizados em Londres, segundo outras pessoas informaram à Bloomberg neste mês. Provavelmente serão transferidas as funções de várias centenas de traders e até 20.000 contas de clientes, disse outra fonte.
Frankfurt saiu como ganhadora na opção dos britânicos pelo Brexit: Standard Chartered, Nomura Holdings, Sumitomo Mitsui Financial Group e Daiwa Securities escolheram a cidade como base na UE nas últimas semanas. O Morgan Stanley também optou por Frankfurt como sede da negociação de instrumentos financeiros na Europa, segundo pessoas informadas da decisão. O Citigroup estuda fazer o mesmo movimento.
Os bancos têm dificuldades para quantificar os riscos que o Brexit representa para seus negócios porque há muitos aspectos incertos no tocante ao relacionamento futuro do Reino Unido com a UE. Está em jogo o direito de firmas sediadas no Reino Unido ? maior centro financeiro da Europa ? de vender produtos e serviços ao resto do bloco. A perda desse direito é chamada de "Brexit duro".
"Vamos presumir o pior desfecho razoável", disse Cryan. "O pior sempre tende a ser pior do que as pessoas podem imaginar."
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