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Projeto de combustíveis fósseis provoca racha na base de Trump

Brian Eckhouse

20/07/2017 13h56Atualizada em 21/07/2017 09h27

(Bloomberg) -- Para um programa histórico de combustível fóssil nas profundezas do país de Trump, a maior ameaça não são os ambientalistas. Talvez seja o próprio Donald Trump.

O projeto de US$ 3,8 bilhões em Lake Charles, Louisiana, transformaria resíduos do refino de petróleo em gás natural sintético e, ao mesmo tempo, capturaria a maior parte da poluição emitida. Esses produtos seriam transformados em químicos de alto valor, como metanol e hidrogênio. O dióxido de carbono, o gás do efeito estufa responsabilizado pelo aquecimento global, seria injetado na Terra para estimular a produção de petróleo.

Para os defensores, o projeto poderia gerar 1.000 empregos, usar equipamento licenciado da General Electric e servir de vitrine para o maquinário de ponta que ajuda a descarbonizar o petróleo. O problema: como essa tecnologia não está amplamente comprovada, ela ainda não conta com o financiamento dos bancos. Isso significa que há poucas fontes de crédito para o projeto. O credor mais óbvio seria um programa do Departamento de Energia dos EUA que alguns republicanos têm a intenção de aniquilar.

O debate sobre se o governo deveria dar uma mão em Lake Charles poderia se tornar tão divisor para os republicanos quanto o oleoduto Keystone XL da TransCanada foi para o governo do presidente Barack Obama. Ele confronta empresas, membros republicanos do Congresso e Breitbart, que apoiam, com o Tea Party e a The Heritage Foundation, que se opõem a ajudar empresas.

"Este vai ser o Keystone deles: vocês apoiam a criação de empregos ou a ideologia?", disse Brendan Bell, ex-diretor de iniciativas estratégicas do escritório de programas de empréstimo do Departamento de Energia. "Haverá um cálculo aqui."

Nos últimos dias da presidência de Obama, o escritório de programas de empréstimo do Departamento concedeu uma aprovação condicional a uma garantia de empréstimo de até US$ 2 bilhões para a Lake Charles Methanol, desenvolvedora de projetos com sede em Houston que utiliza tecnologia de gaseificação para refinar a coque de petróleo em produtos químicos.

O financiamento do Departamento de Energia para o projeto da Louisiana permitiria que a desenvolvedora conquistasse mais apoiadores ? e incentivaria os bancos a financiarem mais projetos do tipo. Um senador republicano da Louisiana apoia Lake Charles.

Debate ideológico

Os republicanos têm criticado o escritório de programas de empréstimo há anos, destacando seu mais notável fracasso até o momento -- uma garantia de empréstimo de US$ 535 milhões para a Solyndra, uma produtora de energia solar da Califórnia que faliu em 2011. No entanto, o dinheiro para Lake Charles geraria o tipo de emprego que Trump prometeu apoiar.

"É um debate ideológico que divide o Partido Republicano", disse Josh Freed, vice-presidente do think tank liberal Third Way, com sede em Washington.

"Trata-se do bem-estar corporativo", disse Nicolas Loris, membro de energia da The Heritage Foundation, o think tank conservador com sede em Washington. "Talvez seja algo que Trump apoie, mas nós não apoiamos."

--Com a colaboração de Ari Natter Matthew Philips e Jessica Shankleman