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Siderúrgicas registram maior valor em anos graças à China

Thomas Biesheuvel

24/07/2017 11h07

(Bloomberg) -- As ações do setor siderúrgico atingiram o maior valor desde 2011 graças principalmente à maior ameaça ao setor dos últimos anos: a China.

A demanda na China, que produz metade do aço do mundo, tem sido surpreendentemente forte neste ano e o país fechou algumas usinas para reduzir a produção excedente que se espalhou pelo globo. A medida provocou uma queda acentuada das exportações, o que ajudou os preços do aço a estenderem a recuperação e elevou um índice da Bloomberg para ações do setor siderúrgico global em 45 por cento nos últimos 12 meses. É o triplo do avanço do Bloomberg World Mining Index.

A China tem sido culpada por políticos como o presidente dos EUA, Donald Trump, e pelos maiores produtores nos últimos anos por derrubar os preços e expulsar usinas europeias e americanas do negócio. Com isso, países como EUA e Ucrânia mantêm agora mais de 100 restrições comerciais às importações da China para protegerem suas próprias indústrias do aço barato.

Ao mesmo tempo, o investimento chinês maior em infraestrutura aumentou a demanda local, justamente no momento em que o governo eliminou milhões de toneladas de capacidade excedente. Esses fatores ajudaram na queda de 28 por cento das exportações da China no primeiro semestre.

"Passou mais de um ano e meio desde que os fundamentos da siderurgia chinesa atingiram seu ponto mais baixo, mas eles ainda surpreendem para o lado positivo", afirmou Lee McMillan, analista da Clarksons Platou Securities em Nova York. "As margens robustas da siderurgia foram incentivando cada vez mais a produção, mas o preço se manteve robusto -- embora volátil -- graças à fortíssima demanda chinesa pelo aço."

O índice da Bloomberg, formado por 41 produtoras mundiais de aço, atingiu na semana passada o maior patamar desde agosto de 2011.

A oferta menor da China ajudou a elevar os preços em cerca de 75 por cento na Europa e nos EUA nos últimos 18 meses. A recuperação também foi impulsionada pela demanda resiliente e a principal produtora, a ArcelorMittal, estima que o consumo dos EUA crescerá 4 por cento neste ano. A associação europeia do setor, a Eurofer, ampliou neste mês sua previsão para o crescimento da demanda na região para 1,9 por cento.

Há esperanças também de que a investigação da Seção 232 do Departamento de Comércio dos EUA às importações de aço possa levar outros países a restringirem ainda mais as importações da China. Embora apenas uma pequena parte das importações americanas chegue diretamente da China, os EUA provavelmente ainda acabam comprando aço chinês que passa através de outros lugares, como o Sudeste Asiático.

"Se essa pressão aumentar, ela reduzirá o apetite pelas exportações chinesas, o que pressionará a China a desativar mais capacidade", afirmou Seth Rosenfeld, analista da Jefferies International. "Esse é o cenário dos sonhos. As equipes de gestão mais inteligentes estão dizendo 'vamos usar essa ameaça da 232 como um chamado global para isolar o aço chinês'."