IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Americanos pegam atalho no caminho para salário decente

Jordan Yadoo

26/07/2017 11h11

(Bloomberg) -- O fato de que nos EUA esteja ficando mais difícil sobreviver só com um diploma do Ensino Médio não significa que um título universitário de quatro anos seja o único caminho para um salário sólido.

Isso porque o número dos chamados trabalhos bem remunerados ocupados por pessoas com diploma de tecnólogo -- curso que geralmente dura dois anos e é oferecido por faculdades comunitárias ou escolas técnicas e profissionais -- aumentou em 3,2 milhões entre 1991 e 2015 , segundo estudo divulgado na quarta-feira pelo Centro de Educação e Força de Trabalho da Universidade de Georgetown. No mesmo período, o número de trabalhadores pagos em um nível similar com apenas um diploma do Ensino Médio caiu em mais de 1 milhão, mostrou o estudo.

O relatório define "bons empregos" como aqueles que pagam uma média de US$ 55.000 por ano e um mínimo de US$ 35.000 por ano. Os titulares de diplomas de tecnólogo encontraram trabalhos desse tipo em setores operários e de serviços especializados, segundo o estudo, que foi realizado em colaboração com o JPMorgan.

As conclusões do estudo contestam a "narrativa dominante" de que a educação universitária tradicional de quatro anos é o único caminho para um emprego estável e de classe média, segundo Anthony Carnevale, diretor do Centro de Educação da Georgetown e autor principal do relatório.

O relatório sai à luz em um momento em que republicanos e democratas em Washington defendem programas que estimulariam o treinamento em faculdades comunitárias e ajudariam os americanos a pagarem o ensino. O esforço é uma resposta às queixas das empresas de que não conseguem encontrar trabalhadores qualificados e também ao aumento do preço dos cursos de Ensino Superior. O custo médio com ensino e taxas das universidades públicas de quatro anos aumentou para US$ 9.648 no último ano letivo, contra menos de US$ 500 no início da década de 1970, segundo a associação College Board.

Os norte-americanos costumavam ocupar empregos na linha de montagem saindo diretamente do Ensino Médio, mas o trabalho de fabricação da atualidade exige habilidades mais especializadas e pelo menos algum treinamento pós-Ensino Médio, segundo Carnevale. Os bons empregos do setor de serviços, como o de técnico de diagnóstico ou o de especialista em atendimento ao cliente, também exigem escolaridade adicional e oferecem aproximadamente o mesmo nível salarial que muitos formados do Ensino Médio antes conseguiam apenas nas fábricas, segundo o estudo.

Enquanto isso, os salários dos cargos dos setores de construção e hospitalidade para aqueles que possuem apenas diploma do Ensino Médio não compensaram muito os prejuízos mais substanciais para a automação ou o envio ao exterior dos processos de fabricação e transporte, concluíram os pesquisadores.

Apesar de tudo, os titulares de diplomas de bacharelado em geral continuam ganhando mais do que seus pares de menor escolaridade. E os trabalhadores com diplomas universitários de quatro anos conseguiram muito mais empregos desde o fim da recessão de 2007-2009 do que aqueles com menos escolaridade, segundo uma pesquisa anterior do Centro de Educação e Força de Trabalho da Universidade de Georgetown.