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Amazon emite dívida para bancar expansão em supermercados

Molly Smith

15/08/2017 14h08

(Bloomberg) -- A Amazon.com vai acessar os mercados de dívida para bancar a aquisição da Whole Foods Market e impulsionar os planos de Jeff Bezos para conquistar o negócio de supermercados.

A maior varejista online do mundo está vendendo títulos não garantidos em até sete tranches, de acordo com uma pessoa a par do assunto. Os papéis mais longos da colocação ? com vencimento em 40 anos ? podem render de 1,6 a 1,65 ponto percentual acima das notas do Tesouro americano de prazo semelhante, disse a fonte, que solicitou anonimato porque a oferta é privada.

De acordo com comunicado divulgado pela Amazon, a empresa está vendendo títulos pela primeira vez desde 2014, a fim de financiar a aquisição da rede de lojas de alimentos orgânicos por US$ 13,7 bilhões ? um acordo que abalou o setor de supermercados em junho. A expectativa é que a parceria viabilize a redução dos preços cobrados pela Whole Foods, um empreendimento com reputação pela alta qualidade que tenta superar dificuldades atraindo consumidores das classes média e baixa. O acordo pode intensificar uma guerra de preços em um setor que já lida com margens de lucro ínfimas e deflação persistente nos EUA.

A gigante de comércio eletrônico aborda o mercado de títulos após operações enormes pela operadora de telecomunicação AT&T (US$ 22,5 bilhões) e pela fabricante de cigarros British American Tobacco (US$17,25 bilhões). A Moody's Investors Service estima que esta colocação pode chegar a US$ 16 bilhões. A oferta coincide com um momento bem ativo das empresas de tecnologia na emissão de dívidas. A fabricante de veículos elétricos Tesla estreou nesse mercado em 11 de agosto e a Apple anunciou na terça-feira sua primeira oferta de títulos denominados em dólares canadenses. A grande quantidade de colocações e a intensificação das tensões geopolíticas na Península da Coreia ampliaram o rendimento adicional exigido sobre o dos papéis do Tesouro americano.

Recepção esperada

Bezos foi brevemente o homem mais rico do mundo no mês passado. Ele transformou a Amazon em uma varejista gigantesca desde a fundação em 1994. A empresa também introduziu o leitor digital Kindle e o sistema residencial de reconhecimento de voz Echo, além de serviços de computação em nuvem, programação original de televisão e filmes.

A disparada do valor da participação de Bezos na Amazon abriu caminho para o fundador investir como pessoa física em projetos como a compra do jornal Washington Post por US$250 milhões em 2013. A expansão da Amazon também permitiu que Bezos ficasse de olho no setor de supermercados, no qual sua empresa não conseguia ganhar espaço. Ações de varejistas como Wal-Mart Stores e Kroger desabaram após o anúncio da aquisição.

A Amazon emite com pouca frequência no mercado de títulos com grau de investimento. A empresa tinha apenas US$ 7,8 bilhões em dívidas em circulação em 30 de junho e tem classificação de risco Baa1 pela Moody's e AA- pela S&P Global Ratings, com perspectiva estável no último caso.

A companhia contratou bancos na semana passada para organizar conversas com investidores de renda fixa, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto. A Amazon recebeu um empréstimo-ponte de US$ 13,7 bilhões de um grupo de bancos liderado por Bank of America e Goldman Sachs Group para financiar temporariamente a aquisição.

Em junho, a Amazon, sediada em Seattle, informou que pretende financiar a aquisição tomando dívidas e com recursos do próprio caixa.

"Apesar do aumento do endividamento, a aquisição da Whole Foods é imediatamente positiva para o crédito da empresa em diversas frentes", escreveu um analista da Moody's, Charlie O'Shea, no relatório que revisou a perspectiva da classificação de risco da Amazon de estável para positiva. "A Whole Foods proporciona à Amazon maior escala e crucial presença física em um segmento no qual vem tentando crescer."

--Com a colaboração de Brian Smith