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Pressionada pelo xisto, Opep estenderia cortes de produção

Ranjeetha Pakiam e Dan Murtaugh

22/08/2017 19h29

(Bloomberg) -- A Opep não terá muita escolha além de manter os cortes de produção de petróleo nos níveis atuais quando expirarem, em março, segundo o Bank of America Merrill Lynch.

O aprofundamento dos cortes seria caro demais e acabaria provocando uma perda de participação de mercado para as exploradoras do xisto dos EUA e o aumento da produção reiniciaria uma guerra de preços que seria "devastadora" para as finanças de alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, disse Francisco Blanch, chefe global de pesquisa de commodities do banco, em entrevista por telefone na segunda-feira.

"A Opep não tem muitas opções em termos do que pode fazer", disse Blanch. "O melhor caminho para a organização é manter tudo como está e esperar que o crescimento global ganhe força. E há motivos para acreditar que isso acontecerá."

A Opep e aliados como a Rússia fecharam acordo em dezembro para frear a produção de petróleo em um esforço para reduzir os estoques excedentes de petróleo em relação à média de cinco anos e elevar os preços. O grupo ainda precisa de 12 a 18 meses para atingir esse objetivo, disse Blanch. Os limites à produção foram prolongados em maio e expiram em março.

Um novo prolongamento dos cortes dará mais tempo para que o crescimento econômico dos mercados emergentes amplie a demanda pelo petróleo e reduza o excesso de oferta, disse Blanch.

"Temos visto o dinheiro fluir novamente para os mercados de ações e renda fixa no mundo emergente", disse Blanch. "Portanto, a melhor escolha da Opep é simplesmente permanecer onde está com a esperança de que o crescimento melhore nos próximos meses e que, no fim, os estoques continuem sendo eliminados."

Os cortes de produção foram parcialmente compensados pelo aumento da oferta da Líbia e da Nigéria, membros da Opep isentos da redução, e pela produção dos EUA, país onde os aumentos dos preços estimularam perfurações em campos de xisto ricos em petróleo. O maior problema para a Opep no momento é que a duração de seus cortes, seja de seis ou nove meses, é longa o bastante para que os produtores de xisto acelerem as perfurações e ampliem a produção, disse Blanch.

"Por isso, se a Opep começar a se reunir e tentar implementar um corte mais profundo e os preços subirem como consequência disso, o petróleo de xisto dos EUA preencherá essa lacuna imediatamente", disse Blanch. "E então tudo o que teremos será um pequeno choque que basicamente enviará dinheiro do Golfo Pérsico para o Texas."

--Com a colaboração de Serene Cheong