Apple elimina apps do Irã de loja on-line devido a sanções
(Bloomberg) -- Em um sábado em meados de agosto, o empreendedor iraniano Mehdi Nayebi recebeu um e-mail da App Store Review, da Apple. Seu aplicativo, o AloPeyk, um serviço de entregas de Teerã, havia sido removido.
Ele não foi o único. Cerca de outros 12 aplicativos voltados para o Irã, incluindo o Delion Foods, de uma startup de entrega de alimentos, a loja on-line Digikala, o site de comércio eletrônico Bamilo e o app de transporte compartilhado Snapp, também foram removidos, segundo Nayebi e o cofundador da Delion, Mahdi Taghizadeh.
"Fomos removidos da App Store da noite para o dia, sem qualquer tipo de aviso", disse Nayebi. "Havíamos acabado de publicar uma nova versão com grandes melhorias. Quando os usuários acordaram, na manhã seguinte, viram que o aplicativo não estava mais disponível."
Os usuários ainda podem acessar os aplicativos em seus telefones, mas não podem baixá-los nem atualizá-los por meio da App Store. Digikala, Bamilo e Snapp não responderam aos pedidos de comentário. Uma porta-voz da Apple não comentou imediatamente.
O AloPeyk tentou refutar a decisão, mas recebeu um e-mail da Apple citando sanções comerciais impostas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA, segundo Nayebi. Sua equipe conseguiu criar em uma semana uma versão móvel para navegador que funciona de forma similar a um aplicativo.
Batalha árdua
As sanções relacionadas ao programa nuclear do Irã foram canceladas no ano passado após o acordo de 2015 com as potências mundiais, mas algumas sanções comerciais e bancárias dos EUA continuam em vigor, o que dificulta os negócios. Embora o acordo fechado no governo de Barack Obama tenha sido considerado um marco para a entrada do Irã nos mercados internacionais e a abertura de suas portas a investimentos e tecnologias estrangeiros, no governo de Donald Trump os EUA impuseram mais sanções ao Irã.
"As empresas arcam com custos de pesquisa, design e desenvolvimento de aplicativos para celulares Android e Apple", disse Mohammadreza Azali, CEO da TechRasa, um website de notícias de tecnologia e startup com sede em Teerã. "Se o aplicativo deles é removido dos aparelhos da Apple, isso significa que a metade do investimento desapareceu com o vento."
"A decisão gera impacto também em termos de negócios", acrescentou. "Existem cerca de 7 milhões de pessoas com iPhone no país e o poder de compra delas é considerado maior que o dos usuários de Android, e elas têm disposição para comprar. É um problema não ter acesso a essa clientela."
O Irã tem um histórico de bloqueios a websites e redes que considera politicamente sensíveis, como Twitter e Facebook. No entanto, essa abordagem vem sendo flexibilizada. O presidente Hassan Rouhani e os principais membros de seu gabinete, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, têm usado as plataformas para fazer declarações. O novo ministro das Comunicações do Irã anunciou recentemente sua intenção de acabar com as restrições.
"Estamos tentando expor nossa situação na imprensa internacional", disse Taghizadeh. "Não temos esses problemas com o ecossistema Android", disse, em referência à App Store do Google. Taghizadeh, juntamente com pelo menos mais quatro empreendedores, iniciou uma petição on-line. Eles pedem que o CEO da Apple, Tim Cook, os ajude a cancelar a proibição.
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