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Revolução de emprego pode estimular crescimento da Colômbia

Oscar Medina

25/08/2017 12h02

(Bloomberg) -- A maior oportunidade de crescimento para a Colômbia nos próximos anos poderia depender de milhões de pessoas que atualmente vendem petiscos nos semáforos, trabalham como diaristas em fazendas ou buscam ouro em minas ilegais, segundo uma das maiores autoridades econômicas do país.

Ao criar empregos formais para a metade da força de trabalho do país que ainda não tem carteira assinada, a Colômbia pode entrar no caminho de rápido crescimento da produtividade trilhado por outros países em desenvolvimento, disse José Antonio Ocampo, codiretor do banco central.

"Existe uma grande oportunidade de formalizar a nossa força de trabalho em grande escala, e isso é produtividade", disse Ocampo na quinta-feira, em entrevista no escritório da Bloomberg em Bogotá. "É a história da Coreia nas décadas de 1960, 1970 e 1980, a história da China nos últimos 25 anos."

Diferenças no tamanho do setor informal podem representar uma grande porção da brecha entre os países ricos e pobres, segundo um relatório de 2016 do Grupo Banco Mundial. Empresas informais tendem a alocar recursos de maneira errada, carecer de acesso ao crédito e ser menos produtivas, concluiu o relatório.

A proporção de trabalhadores na América Latina com emprego formal - definidos como pessoas de 25 a 64 anos que estejam empregadas e contribuam para a previdência social - varia entre mais de 70 por cento no Uruguai, na Costa Rica e no Chile, cerca de 40 por cento na Colômbia, e 25 por cento menos em países como Bolívia, Guatemala e Peru, segundo um estudo feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento com dados que abrangem até 2014.

Para dar impulso ao crescimento e incorporar mais pessoas à força de trabalho formal, a Colômbia precisa de políticas produtivas, como um programa ambicioso de ciência e tecnologia, segundo Ocampo. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e outros afirmaram que os altos custos trabalhistas, além dos salários, e um salário mínimo elevado estimulam a informalidade, mas Ocampo disse que duvida do argumento de que os altos custos de contratação sejam a principal explicação para o alto nível de informalidade.

O aumento do número de colombianos com emprego formal também tenderia a melhorar a distribuição da renda, disse Ocampo. A desaceleração do crescimento da força de trabalho do país é uma boa notícia, porque tenderá a acelerar esse processo de formalização, disse Ocampo. A taxa de fertilidade da Colômbia, isto é, a média do número de nascimentos por mulher, vem caindo constantemente nas últimas décadas, de 6,8 em 1960 para 1,9 em 2015, o que significa aumentos menores no número de pessoas que entram no mercado de trabalho.

Antes de entrar no conselho do banco central neste ano, Ocampo foi professor da Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade de Columbia em Nova York, onde escreveu vários livros e artigos acadêmicos com o prêmio Nobel Joseph Stiglitz.