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Candidato a presidente no México tem grande calcanhar de Aquiles

Eric Martin

15/09/2017 14h10

(Bloomberg) -- Sob o comando do ministro do Interior do México, Miguel Ángel Osorio Chong, a taxa de homicídios aumentou e um infame chefe do narcotráfico escapou da prisão. Mesmo assim ele continua sendo o candidato mais popular do partido da situação para as eleições presidenciais do ano que vem. Isto não reflete muito suas chances de sucesso.

Apesar de os integrantes do Partido Revolucionário Institucional apoiarem Osorio Chong, muitos analistas o veem como alguém incapaz de se eleger em uma campanha que terá como um de seus temas principais a insatisfação dos eleitores com a segurança pública.

Nas últimas pesquisas, Osorio Chong aparece mais de 10 pontos atrás do ex-prefeito da Cidade do México, Andrés Manuel López Obrador, de esquerda, e tem o dobro da popularidade de seu concorrente mais próximo dentro do PRI. O partido agora precisa decidir se terá que escolher alguém com um nome menos conhecido, mas com apelo potencial maior, sob risco de ficar em terceiro lugar atrás de López Obrador e do Partido da Ação Nacional.

O PRI precisa "se estabelecer como alternativa a López Obrador e isso não acontecerá com Osorio Chong", disse Jorge Chabat, cientista político do Centro de Pesquisa e Ensino Econômico, uma universidade com sede na Cidade do México. "Ele é claramente vulnerável com base na pasta que comanda."

A assessoria de imprensa do Ministério do Interior preferiu não comentar sobre o futuro político de Osorio Chong, nem disponibilizá-lo para entrevista.

Sob o comando de Osorio Chong, a taxa de homicídios subiu 29 por cento no México no primeiro semestre do ano, para mais de 12.000, maior total para qualquer período comparável desde 2001, pelo menos, segundo dados do Ministério do Interior do país. Isso inclui os anos anteriores mais mortíferos da guerra do narcotráfico travada pelo México sob o comando do antecessor do presidente Enrique Peña Nieto, Felipe Calderón, de 2010 a 2012.

Redobrando esforços

Em seu discurso do Estado da Nação, neste mês, Peña Nieto exortou o México a redobrar os esforços contra a violência, afirmando que a restauração da paz no país é a maior demanda da sociedade. A guerra contra as drogas se espalhou para importantes resorts litorâneos como Cancún e Los Cabos, gerando um alerta do Departamento de Estado dos EUA para os viajantes e ameaçando o setor do turismo, que gera US$ 20 bilhões ao ano.

Peña Nieto deverá ter a palavra final em relação ao candidato de seu partido para as eleições de julho do ano que vem, apesar de sua própria popularidade estar afundando. Por lei, o candidato deve ser escolhido no início do ano que vem, mas a maioria dos analistas acredita que a decisão sairá no fim de 2017.

Osório Chong foi apoiado por 22 por cento dos eleitores potenciais em agosto, mais do que o dobro do próximo candidato, segundo pesquisa Buendía & Laredo. O governador em fim de mandato do Estado do México, Eruviel Ávila, obteve 10 por cento, seguido pelo ministro do Turismo, Enrique de la Madrid, e pelo ministro da Saúde, José Narro. O ex-presidente do PRI Manlio Fabio Beltrones, o ministro das Finanças, José Antonio Meade, e o ministro da Educação, Aurelio Nuño, tiveram apenas 3 por cento de apoio. A pesquisa ouviu 1.000 pessoas e teve margem de erro de 3,5 pontos percentuais.