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Futuros do minério de ferro caem e se aproximam de bear market

Jasmine Ng

18/09/2017 10h25

(Bloomberg) -- O minério de ferro pode enfrentar um inverno longo e duro.

A combinação de oferta global abundante, sinais de enfraquecimento da demanda e desaceleração da economia chinesa pode prejudicar os preços, que já registraram quedas nas últimas semanas, e os futuros na China estão próximos de retornar ao território do bear market após uma queda rápida.

"Não há escassez de minério de ferro, nem se argumenta de forma convincente que haverá escassez do material em um futuro próximo", disse Dane Davis, analista do Barclays, por e-mail. O Barclays, que está mantendo a projeção de queda dos preços à vista para algo em torno de US$ 55 no próximo trimestre, ressalta o enfraquecimento das condições na China e o aumento dos estoques de aço.

O minério de ferro está encerrando um trimestre forte em tom suave em um momento em que as usinas da China continental produzem aço a um ritmo sem precedentes. O enfraquecimento dos dados chineses, inclusive para o mercado imobiliário, prejudicou as perspectivas para os próximos meses. Ao mesmo tempo, os estoques de produtos siderúrgicos -- que têm estado baixos -- estão se recuperando, o que sinaliza que o aperto que tem sustentado os preços do aço e os lucros das usinas pode agora estar começando a diminuir.

'Desvantagem significativa'

"Com a expectativa de um declínio sazonal e cíclico da produção de aço na China nos próximos meses, e somando a perspectiva de uma crescente oferta de baixo custo da Austrália e do Brasil, acreditamos que o mercado de minério de ferro está passando para o excesso de oferta", disse Carsten Menke, analista do Banco Julius Baer & Co. "Vemos um potencial significativo de queda em relação aos níveis atuais apesar do declínio recente", disse ele, acrescentando que os preços devem refletir o custo marginal de oferta de cerca de US$ 55 por tonelada.

As quedas recentes têm sido prejudiciais. O minério de ferro de referência com 62 por cento de teor ferroso em Qingdao caiu 0,5 por cento, para US$ 71,76 a tonelada seca, na segunda-feira, o nível mais baixo desde 28 de julho, segundo a Metal Bulletin. Se os preços caírem mais, indo além de US$ 65 antes do fim de setembro, todos os ganhos iniciais deste trimestre serão eliminados.

Perdas em Dalian

Na segunda-feira, os futuros da SGX AsiaClear em Cingapura caíram para apenas US$ 67,66, 13 por cento abaixo do pico recente. O recuo é mais acentuado na China, onde os futuros mais ativos da Bolsa de Commodities de Dalian perderam 16 por cento desde 22 de agosto. Na segunda-feira, os futuros de Dalian caíram 2,9 por cento, para 493,5 yuans, antes de eliminarem os prejuízos e fecharem em 511,5 yuans. Os preços do aço estavam menores.

Os dados da semana passada mostraram que as vendas do varejo, a produção industrial e o investimento em ativos fixos da China caíram no mês passado após um mês de julho fraco, sugerindo que os esforços para controlar a expansão do crédito e reduzir o excesso de capacidade estão dando resultado. Nesta segunda-feira houve um novo sinal de resfriamento quando os números do país mostraram que o aumento dos preços das residências atingiu o menor número de cidades desde janeiro.