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Maior país do mundo não precisa buscar mão de obra barata longe

Anna Andrianova e Yuliya Fedorinova

25/09/2017 12h34

(Bloomberg) -- A apenas sete horas de carro ao sul de Moscou, Stary Oskol pode estar a um mundo de distância no que diz respeito ao custo de administração de um negócio.

Para a Metalloinvest Holding, a pechincha era boa demais para ser desperdiçada. Desde julho, a maior produtora de minério de ferro da Rússia está realocando parte de sua equipe de gestão da capital para o antigo centro de mineração, talvez mais conhecido por ser o lar do lutador de artes marciais mistas mais famoso do país. E quando seu novo centro de serviços estiver funcionando, a empresa espera reduzir as despesas de operações como contabilidade e recursos humanos em quase um terço.

A Metalloinvest, do bilionário Alisher Usmanov, é a mais recente de uma série de grandes empresas que estão aproveitando as discrepâncias entre salários e custos, fazendo fila nas cidades menores deixadas para trás durante os anos de forte expansão do petróleo da última década. À medida que a economia vai saindo de sua mais longa recessão deste século, a recuperação morna está pressionando os lucros corporativos e estimulando as empresas a cortar despesas.

"Os empreendedores de empresas privadas não acreditam que o futuro será melhor", disse Dmitry Prokhorenko, chefe de um departamento da empresa russa de TI IBS, que administra setores de recursos humanos para outras empresas. "É por isso que este é o momento certo para maximizar os lucros e se concentrar na redução dos custos."

Com os salários em ascensão, empresas como MMC Norilsk Nickel e Severstal estão à procura de cidades como Saratov e Yaroslavl para preencher alguns cargos, mas sem se afastar muito de casa. Esta também é uma forma de resolver a incapacidade ou a falta de vontade dos trabalhadores de se deslocarem entre diferentes áreas geográficas, apesar das fortes diferenças nos ganhos, um dilema que se transformou em gargalo para o crescimento da Rússia e deixou um desemprego arraigado em algumas partes do maior país do mundo em termos de território.

Os obstáculos para os trabalhadores variam dos custos elevados do transporte e das longas distâncias até a dificuldade de encontrar moradias a preços acessíveis, segundo o Ministério do Trabalho. A falta de mobilidade dentro da força de trabalho pode agravar os desafios enfrentados pela economia após dois anos de contração e 78 das 85 regiões russas registraram aumento da pobreza entre 2013 e 2016.

Juventude, educação

Mas as empresas agora conscientes em relação aos custos atualmente estão dando uma segunda chance a uma série de cidades pequenas. O que esses lugares têm em comum, além da vantagem nos custos, é que muitos são bem atendidos por ligações de transportes e universidades.

Para a Uber Technologies, que abriu um centro administrativo em Voronej neste ano, a grande atratividade dessa cidade do sudeste foi sua rede de instituições de ensino, segundo Irina Gushchina, diretora de comunicação da empresa de carona compartilhada na Rússia e nos antigos países soviéticos.

"Há muita juventude aqui, um alto nível educacional e interesse em tecnologia e inovações contemporâneas", disse ela por e-mail.

O espaço suficiente para acomodar as novas chegadas é outro fator e a corretora Knight Frank afirma que as empresas cada vez mais avaliam opções mais baratas para escritórios fora das grandes cidades.

"Isso faz parte da tendência geral para economizar recursos e otimizar custos", disse Konstantin Losyukov, chefe do departamento de imóveis de escritório da Knight Frank na Rússia. "Talvez anteriormente isso fosse menos acentuado porque havia dinheiro suficiente e ninguém pensava muito a respeito."