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Chile debate regras para ampliar produção de lítio

Laura Millan Lombrana

28/09/2017 14h13

(Bloomberg) -- O país que detém as maiores reservas de lítio do mundo está elaborando regras que permitiriam que as empresas criem novas minas em meio à crescente demanda pelo mineral usado em baterias de carros elétricos.

Uma comissão governamental do Chile deverá oferecer diretrizes até o fim do ano para as empresas privadas que quiserem iniciar operações de lítio no país, disse a ministra da Mineração, Aurora Williams, em entrevista.

O lítio é considerado um recurso estratégico no país sul-americano, que não concede licenças a empresas há mais de duas décadas. A demanda global por lítio deverá aumentar neste ano porque fabricantes de automóveis como Tesla, Mitsubishi e outras levarão veículos elétricos ao mercado popular, mas apenas duas empresas produzem lítio no Chile.

"O que o Chile deseja é manter e ampliar a produção para que possamos capturar esse espaço no mercado", disse Williams. "Estamos trabalhando em uma série de documentos que estabelecem efetivamente formas e procedimentos para a produção de lítio."

O Chile detém mais da metade das reservas mundiais conhecidas do mineral, e a CRU Group afirma que o país tem os menores custos de mineração. As mineradoras bombeiam salmoura rica em lítio de debaixo de salinas localizadas no norte do país e a deixa secar em piscinas de evaporação. A Soc. Química y Minera de Chile e a Albemarle continuam sendo as únicas empresas que produzem lítio no país.

O governo chileno também unificará o monitoramento ambiental no Atacama, onde operam SQM e Albemarle, para assegurar que a mineração não provoque um impacto irreversível no delicado ambiente das salinas e nas comunidades que as rodeiam, disse Williams.

As empresas privadas que desejarem iniciar uma operação de lítio no Chile podem se associar a uma empresa estatal ou negociar contratos especiais diretamente com o governo. A Minera Salar Blanco, de propriedade chilena, passou meses negociando com o governo antes de se retirar do processo.

'Não há regras'

"Não há regras, ninguém sabe quais são os requisitos", disse o CEO da Minera Salar, Cristóbal García-Huidobro, em entrevista, em seu escritório, em Santiago. "Quando percebemos que o processo não estava avançando, decidimos nos retirar e esperar o governo redigir as regras."

O novo marco legal não mudará o status especial do lítio, e as empresas ainda terão que negociar diretamente com o Estado, segundo Sergio Hernández, vice-presidente-executivo da comissão de cobre chilena Cochilco, membro da comissão que está elaborando as regras.

No entanto, ele proporcionará mais clareza a respeito das garantias financeiras para os projetos, exigências de investimento, indenizações às comunidades ou aos proprietários de terras, regras ambientais, impostos e royalties.

"O royalty do lítio provavelmente será um pouco maior que o do cobre", disse Hernández. "Isso faz sentido, devido às vantagens naturais de iniciar a produção de um recurso novo, de baixo custo e fácil de extrair."