Verdadeiro líder da campanha separatista catalã pode ser preso
(Bloomberg) -- Jordi Sánchez tem uma passagem de trem para voltar de Madri pra casa hoje à noite, mas mesmo assim ele está levando na mala roupas íntimas para quatro dias.
Como um dos arquitetos do referendo ilegal sobre a independência da Catalunha, Sánchez teme passar o fim de semana na cadeia depois de enfrentar um interrogatório no Tribunal Nacional nesta sexta-feira. Os juízes estão considerando possíveis acusações de conspiração contra Sánchez, de 53 anos, pai de três filhos. Ele pode enfrentar até 15 anos atrás das grades se for condenado.
"Tem um ponto de interrogação sobre se vou voltar para casa", disse ele em uma entrevista em Barcelona na noite de quinta-feira, antes de pegar o trem para a capital espanhola. "Eu escolhi esse caminho. Mas minha esposa, meus filhos, meus pais ? eles não escolheram e estão sofrendo. Essa é a parte mais incômoda."
Como chefe do maior grupo da campanha pró-independência, Sánchez faz parte do círculo íntimo do movimento separatista com o presidente regional Carles Puigdemont e Carme Forcadell, a presidente do parlamento regional, entre outros.
Operando com um grupo central de cerca de 30 pessoas, que inclui tanto funcionários quanto eleitos pelos membros, Sánchez pretende livrar o território catalão do controle de Madri pela primeira vez em séculos.
Sánchez ganhou experiência como ativista quando adolescente realizando façanhas de propaganda. Uma vez, eles roubaram uma bandeira espanhola da sede do governo catalão e devolveram-na dois dias depois, com uma nota pedindo ao presidente regional para devolvê-la ao rei Juan Carlos quando ele estivesse de visita.
A campanha separatista foi organizada com um senso teatral similar. Quando o Parlamento catalão aprovou sua lei do referendo usando um procedimento de emergência improvisado em 6 de setembro, Sánchez havia ensaiado com a presidente do parlamento regional, Forcadell, para garantir que o debate fosse realizado com a maior seriedade possível.
Articulação das bases
Com 40.000 membros pagantes e agências locais em quase 500 municípios, a organização de Sánchez, a Assembleia Nacional Catalã, tem uma capacidade incomparável para mobilizar ativistas em toda a região, seja em uma resposta relâmpago a ações policiais ou em grandes manifestações.
Essa rede de ativistas foi a espinha dorsal da operação que conseguiu superar a polícia espanhola para realizar a votação de domingo.
O Parlamento Catalão planeja se reunir na segunda-feira para decidir como agir em relação ao resultado do referendo ? uma declaração unilateral de independência é uma opção ?, embora o Tribunal Constitucional tenha proibido o legislativo de se reunir.
Sánchez diz que os legisladores estão determinados a realizar o seu debate, aconteça o que acontecer. O primeiro-ministro Mariano Rajoy teria então que decidir se enviará a polícia para fazer cumprir a lei, uma medida que saiu pela culatra no domingo.
"O estado está sob controle", disse Sánchez. "Isso poderia se resolver de forma razoável e democrática ou de forma violenta. Queremos negociar uma solução pacífica, mas não está claro que o Estado espanhol queira isso."
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