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Google, Facebook e Twitter tentam conter Washington

Mark Bergen, Sarah Frier e Selina Wang

10/10/2017 14h15

(Bloomberg) — No mês passado, o Google reuniu cerca de 200 funcionários envolvidos na criação de políticas em todo o mundo para debater se o tamanho da empresa a transformou em um alvo atraente demais para órgãos reguladores públicos.

O retiro de dois dias em Monterey, Califórnia, onde funcionários da empresa de US$ 682 bilhões bombardearam especialistas em políticas de Washington com perguntas sobre os prós e contras do tamanho dela, foi realizado enquanto o Google é acusado de práticas monopólicas na Europa e os EUA propõem leis que aumentariam a responsabilidade dos editores on-line pelo conteúdo produzido por outros.

Nesta semana, a unidade da Alphabet revelou novas informações que poderiam perturbar ainda mais o cenário regulatório: revelou-se que contas ligadas à Rússia usaram a rede de anúncios da empresa para interferir na eleição presidencial dos EUA em 2016. A notícia juntou o Google ao Facebook e ao Twitter, duas empresas mergulhadas na polêmica pelo envolvimento da Rússia na eleição do ano passado nos EUA. Executivos das três empresas estão empenhados em responder.

O Facebook contratou duas empresas de relações públicas e planeja designar até 1.000 pessoas para monitorar anúncios. Altos executivos, entre eles o CEO Mark Zuckerberg, estão ligando diretamente para congressistas. A empresa informou gastos de mais de US$ 3,2 milhões em lobby no primeiro trimestre de 2017, um recorde para a companhia. O Google gastou quase US$ 6 milhões no segundo trimestre, seu próprio recorde. Ambas as empresas e o Twitter estão trabalhando juntas para lidar com assuntos relacionados às propagandas russas.

"Há muita pressão para intervir neste caso por causa das consequências para a democracia", disse Laura DeNardis, diretora do Internet Governance Lab da American University em Washington. "Como cada vez há mais coisas em jogo para o ciberespaço, para a economia, para a democracia, todos os atores estão prestando mais atenção."

Investigações

Dois comitês do Congresso e o promotor especial Robert Mueller estão examinando se operativos russos utilizaram plataformas de redes sociais para influenciar os eleitores americanos em 2016. Investigadores também estão examinando um possível conluio entre interesses russos e associados do presidente Donald Trump. O Facebook entregou mais de 3.000 anúncios adquiridos por entidades russas para ambas as investigações no Congresso. O Twitter afirmou que forneceu aos painéis um resumo dos anúncios da RT, uma emissora de TV fundada pelo governo russo e antigamente conhecida como Russia Today.

Um possível enfrentamento em relação às propagandas políticas pode acontecer em 1º de novembro, dia em que executivos do Google, do Facebook e do Twitter foram convocados para depor em público diante dos comitês do Congresso em Washington.

O Facebook, o Twitter e o Google estão cooperando em assuntos ligados aos anúncios políticos russos. Uma pessoa familiarizada com a iniciativa disse que a iniciativa é semelhante ao trabalho conjunto das três empresas em assuntos difíceis para o setor, como a pornografia infantil e o conteúdo de grupos terroristas.

"Estamos fazendo uma análise mais profunda para investigar tentativas de abuso de nossos sistemas, trabalhando com investigadores e outras empresas, e auxiliaremos as investigações em andamento", disse uma porta-voz do Google na segunda-feira.

—Com a colaboração de Ben Brody Gerrit De Vynck e Selina Wang