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Vale tem plano B para ir ao Novo Mercado se troca de ação falhar

R.T. Watson

17/10/2017 12h10

(Bloomberg) -- A Vale tem um plano de reserva para conseguir se juntar à elite das empresas brasileiras se não obtiver os votos necessários para completar a conversão acionária em assembleia especial de acionistas, nesta semana: um waiver regulamentar.

Em fevereiro, a maior produtora de minério de ferro do mundo apresentou um roteiro para encerrar um acordo de 20 anos que entregava o controle da empresa a um grupo de acionistas públicos e privados. A Vale já convenceu quase 85 por cento dos acionistas preferenciais a concordarem com uma nova estrutura acionária que remove o poder do grupo de controle -- e o risco de intromissão do governo.

Mas a empresa ainda precisa conseguir o consentimento dos detentores do restante das ações preferenciais para concluir a conversão e aderir ao Novo Mercado, uma seção da bolsa de valores brasileira com padrões mais elevados de governança corporativa.

O assunto será tratado pelos acionistas em assembleia nesta quarta-feira. Se não conseguirem o consentimento total dos remanescentes -- incluindo alguns fundos de investimento de gestão passiva e investidores que não puderam ser contatados --, a empresa com sede no Rio de Janeiro pode decidir solicitar um waiver da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A diretoria sinalizou que poderá conseguir o waiver no mesmo dia, disse Leonardo Correa, analista do BTG Pactual, em nota no mês passado.

A ascensão da Vale rumo a uma maior independência representaria um momento histórico para o mercado de capitais da maior economia da América do Sul. A empresa, que é a maior exportadora do Brasil, se tornaria uma das poucas do País sem um grupo de controle claro. Acionistas com pouco caixa, como fundos estatais, também poderão vender cerca de 1 bilhão de ações a partir de fevereiro.

A reestruturação pode desembaraçar uma estrutura acionária que tem pesado sobre o preço das ações da Vale, negociadas com desconto em relação aos papéis das principais rivais.

"Este será o ponto culminante do processo, levando a Vale a um lugar melhor em termos de governança corporativa e estabelecendo sua independência contra a influência do governo", disse Jeremy Sussman, analista da Clarksons Platou Securities, por e-mail. "Nós acreditamos que esta é uma das razões pelas quais a Vale tem sido a melhor ação de minério de ferro entre as Big Four neste ano."

A Vale vem superando as concorrentes Rio Tinto e BHP Billiton no mercado de ações neste ano, mas ainda é negociada a múltiplos menores. A empresa brasileira obtém 9,5 vezes os ganhos estimados em comparação com uma proporção de 12 para a Rio Tinto e de 16 para a BHP.

Um voto positivo na quarta-feira também poderia reduzir bastante o cronograma original do plano de reestruturação. A Vale havia informado originalmente que a transição levaria cerca de três anos; agora, informou por e-mail, poderá se candidatar ao Novo Mercado até o fim do ano.

Na assembleia desta semana a Vale também planeja eleger os primeiros membros independentes do Conselho de Administração desde a privatização, em 1997.