Bombardier troca ambições comerciais por trens e aviões de luxo
(Bloomberg) -- Ao ceder o controle de seus aviões C Series para a rival de longa data Airbus, a Bombardier reduz suas ambições de construir aviões de passageiros para as companhias aéreas do mundo.
O acordo representa um afastamento do que era apresentado como a joia da coroa da maior empresa aeroespacial do Canadá antes de se manchar com excessos de custos e disputas comerciais. Agora que o futuro do C Series depende da Airbus, a fabricante com sede em Montreal provavelmente aguçará seu foco em trens e aviões particulares ? dois negócios com margens mais altas.
"A Bombardier está abrindo a porta para se afastar da aviação comercial", disse Karl Moore, professor de estratégia de gestão da Universidade McGill, de Montreal, em entrevista por telefone. "Não sei se eles tinham outra alternativa. Com certeza eles terão oportunidades interessantes em trens e aviões executivos, e eles podem reinvestir nisso."
Os aviões executivos particulares foram a divisão mais lucrativa da Bombardier, enquanto as aeronaves comerciais ? abaladas por perdas ligadas ao desenvolvimento do C Series ? tiveram um dos piores desempenhos da empresa. A unidade comercial da Bombardier inclui produtos mais antigos, como o avião regional CRJ e o turbo-hélice Q400.
O C Series é o maior e mais caro programa de aviões comerciais da Bombardier, muitas vezes anunciado pela empresa como uma aeronave "divisora de águas", com aspectos financeiros superiores e uso eficiente de combustível. O acordo com a Airbus concede à fabricante europeia o controle majoritário, com uma participação de 50,01 por cento. A Bombardier conservará cerca de 31 por cento, e o governo de Quebec terá 19 por cento.
Negócios fracos
Os aviões comerciais regionais contribuíram com a maior parte da receita da Bombardier durante a década de 1990, mas os pedidos minguaram durante a última década, quando a rival brasileira Embraer conquistou participação de mercado com modelos mais novos. As vendas também diminuíram para os aviões turbo-hélices, porque a rival europeia ATR ? parcialmente de propriedade da Airbus ? ofereceu produtos mais baratos e mais leves.
Os negócios ficaram fracos na aviação comercial, mas os trens e os aviões executivos prometem crescimento. As entregas de aviões de luxo deverão se recuperar em 2018 e, como falta cerca de um ano para que a Bombardier inicie as remessas do maior avião particular de sua história, o Global 7000, as perspectivas desse segmento estão aumentando, disse Cam Doerksen, analista do National Bank Financial em Montreal.
"O mercado de aviões comerciais está em baixa cíclica com as entregas, e a Bombardier tem uma nova aeronave que chegará ao mercado daqui a um ano", disse ele. "Isso constitui uma vantagem para a ação."
O segmento de trem da Bombardier também deve melhorar. A unidade de fabricação foi prejudicada por atrasos amplamente noticiados em grandes projetos, como entregas de bondes para Toronto. A empresa agora está trabalhando para melhorar os lucros, em parte através de reduções de custos e maior especialização de fábrica. A unidade de trens suportou o peso de um plano corporativo ? anunciado há um ano ? para eliminar 7.500 empregos em todo o mundo.
"Os trens são um negócio central para eles", disse Doerksen, que vê oportunidades de transações "em algum momento. Por enquanto, eles continuarão trabalhando nas margens".
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