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Google quer treinar empresas para usarem suas ferramentas de IA

Mark Bergen

20/10/2017 14h25

(Bloomberg) -- À frente do Google, Sundar Pichai colocou a inteligência artificial no foco de quase tudo o que a gigante da internet faz hoje em dia. Agora, ele quer que outras empresas recuperem o tempo perdido.

O Google, da Alphabet, está criando o que chama de "curso intensivo de IA" com tutoriais on-line gratuitos preparados por sua equipe sobre como elaborar um software capaz de treinar computadores para traduzir textos, classificar imagens e entender vídeos. Os cursos são projetados para codificadores de software sem conhecimento prévio de aprendizagem de máquinas, uma das modalidades mais úteis de IA.

"Em parte, o que atrasa a aprendizagem da máquina é o fato de ser realmente difícil de fazer. Muito poucas pessoas têm capacidade para isso", disse Pichai, em entrevista à Bloomberg Businessweek sobre seus dois primeiros anos como CEO do Google.

A IA deverá contribuir com US$ 14 trilhões em 16 setores de 12 países desenvolvidos até 2035, segundo a Accenture e a Wells Fargo Securities. Trata-se de uma oportunidade muito maior para o Google do que a publicidade, atualmente o principal mercado da empresa. O Google se beneficia se outras empresas usam suas ferramentas e instruções de IA, porque dessa forma será maior a probabilidade de que elas paguem para executar seus novos programas no serviço de computação em nuvem do Google.

Há cerca de um ano, a empresa criou um campo de treinamento de aprendizagem de máquinas para sua equipe, submetendo 10.000 funcionários aos exercícios. Para os demais, o Google oferecerá 15 horas de lições de codificação e vídeos de instrução com alguns profissionais de renome no setor, como o diretor de pesquisa Peter Norvig. O Google testou o curso com algumas universidades, mas espera treinar funcionários de grandes corporações dos setores de saúde e finanças, entre outros. O programa começará nos próximos meses.

A oferta do curso inclui manuais sobre TensorFlow, biblioteca que serve de base para a IA do Google. A empresa afirmou que o TensorFlow foi baixado mais de 7,9 milhões de vezes desde o lançamento no fim de 2015, número divulgado pela primeira vez pela empresa. O TensorFlow já é mais popular entre os desenvolvedores do que os produtos concorrentes da Microsoft e da Amazon.com. A propagação do TensorFlow, no entanto, virou preocupação para empresas e pesquisadores rivais.

O Google também está abrindo uma série de filmagens do YouTube a pesquisadores externos para ajudar a criar novas formas de analisar vídeos automaticamente por meio de algoritmos. Os vídeos representam um desafio incômodo para as pesquisas sobre IA, e um espinho para o Google. No início do ano, anunciantes começaram a boicotar o YouTube devido à incapacidade dos sistemas do Google de reconhecer efetivamente cada som e imagem de um vídeo. O Google está se desdobrando para tentar corrigir os problemas.

Os vídeos são "a próxima fronteira da visão computacional", disse Jeff Dean, um dos principais pesquisadores de IA do Google.