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Cerveja artesanal com sal do Mar Morto quer conquistar o mundo

Patrick Scott

24/10/2017 14h48

(Bloomberg) -- Ao tentar abrir uma cervejaria em um país predominantemente muçulmano você faz muitas coisas por conta própria. Pelo menos foi isso o que Yazan Karadsheh, fundador da primeira cervejaria artesanal na Jordânia, aprendeu.

Quando ele começou o empreendimento, em 2010, não havia formulários para obter uma licença para abrir cervejarias e muito menos um vocabulário para termos como "cerveja artesanal", "hoppiness" (sabor de lúpulo) ou "malte".

Após dois anos de burocracia, um advogado amigo do pai de Karadsheh o ajudou a conseguir uma licença para a Carakale Brewing, um trocadilho com o caracal, uma espécie de felinos das montanhas da região. Ele então conseguiu convencer os funcionários locais a aprovarem uma fábrica. Depois disso, ele persuadiu os donos dos bares locais a deixá-lo entrar em um mercado monopolizado pela Amstel Brewery da Heineken.

Acredita-se que a cerveja tenha sido criada no Oriente Médio há milênios, porém a maioria dos muçulmanos considera o álcool proibido no islamismo. Atualmente, existe apenas um punhado de cervejarias artesanais na região, a maioria no Líbano, em Israel e na Cisjordânia. Mais de 90 por cento dos jordanianos são muçulmanos.

"Meu primeiro objetivo foi criar uma cultura da cerveja artesanal na Jordânia, algo que não acontece da noite para o dia", diz Karadsheh, 33, cristão, que se descreve como "unicórnio", e que começou a gostar de cerveja artesanal na faculdade, em Boulder, Colorado, nos EUA. "Precisa de um tempo para acordar e abrir os paladares."

Estreia

Agora, uma década após Karadsheh ficar obcecado em criar uma cerveja local, a Carakale finalmente faz sua estreia nos bares dos EUA -- no Arizona no fim de semana passado e no começo de novembro em Nova York, onde Karadsheh e sua esposa moram durante uma parte do ano. "A nossa segunda missão é sermos reconhecidos no mundo como uma cervejaria artesanal jordaniana, algo sem precedentes", diz Karadsheh.

O maior obstáculo de Karadsheh nos EUA é a grande quantidade de cervejas artesanais lançadas em um boom recente -- o número de cervejarias dobrou nos últimos quatro anos, para mais de 5.200. Muitos fãs de cerveja estão mais interessados na próxima New England IPA do que em uma importação exótica.

Mas um pouco de sorte sempre ajuda. Um encontro por acaso entre um primo de Phoenix e um veterano do setor da cerveja artesanal levou Karadsheh a ser apresentado aos donos da Arizona Wilderness Brewing, uma estrela em ascensão. E ele foi convidado para participar com a Carakale da Semana da Cerveja do Arizona neste ano.

Para ajudar a cerveja a se destacar no mercado, a colaboração entre a Carakale e a Arizona Wilderness usa sal do Mar Morto e grapefruit do Vale do Jordão, ingredientes que, junto com o coentro e com um agente de acidificação, compõem um produto que eles chamam de Dead Sea-rious. O estilo gose é uma cerveja alemã de trigo ácida e salgada, que se tornou popular entre os fabricantes de cerveja americanos nos últimos anos, quase como uma reação contra as cervejas de alto teor alcoólico, como as imperial stout e as IPA duplas.

"Tudo o que conseguirmos fazer nos EUA será um sucesso para nós", disse Karadsheh. "Eu não estou muito preocupado com o volume, eu quero achar a nossa voz no mercado."