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UBS mira outras multi-family offices no Brasil e no México

Cristiane Lucchesi e Felipe Marques

31/10/2017 15h18

(Bloomberg) -- A Consenso foi apenas o começo.

Depois de abocanhar o maior multi-family office independente do Brasil, o banco suíço UBS está à caça de mais aquisições ou parcerias no Brasil e no México para expandir sua presença nos maiores mercados da América Latina.

"Se você pensa em Brasil e México, você pode ter acesso a pouco mais de 70 por cento do mercado no qual a riqueza é criada na América Latina", disse Alejandro Velez, responsável pelo UBS Wealth Management na região. "Para uma instituição focada no crescimento como a nossa, faz sentido avaliar mais parcerias locais."

O momento também é positivo porque o mercado está mais atraente agora do que antes da recessão e da crise política no Brasil, disse Velez. Ainda assim, advertiu que "as oportunidades são muito raras".

Os bancos da Suíça tentam conquistar mais clientes ricos de mercados emergentes depois que o crescimento em seus mercados tradicionais foi prejudicado pela repressão dos governos dos EUA e europeus a contas bancárias não declaradas mantidas no exterior. Os programas locais de anistia fiscal e as novas regras de transparência fiscal também promoveram uma mudança nos centros de gestão de riquezas.

O UBS anunciou a aquisição de uma participação majoritária na Consenso Investimentos em maio. O negócio ajudou a triplicar os ativos sob gestão do UBS no país para R$ 30 bilhões (US$ 9,2 bilhões), valor ainda muito distante dos R$ 105 bilhões gerenciados localmente pelo rival Credit Suisse.

Velez disse que possíveis parcerias futuras poderiam "replicar" o modelo da Consenso.

A Consenso e o UBS já trabalhavam de perto antes da aquisição e cerca de 40 por cento do portfólio de clientes da empresa com sede em São Paulo já estavam investidos fora do Brasil. Agora, 15 dos funcionários do setor de gerenciamento de riquezas do UBS no Brasil estão se transferindo para o escritório da Consenso para reforçar uma equipe de cerca de 60, disse Luiz Borges, sócio-fundador da empresa e atualmente chefe global de wealth management Brasil do UBS.

'Habilidades como gestor de fortunas'

"O UBS fez parceria conosco devido a nossas habilidades como gestores de fortunas, não apenas em busca de participação no mercado", disse Borges.

O UBS continuará oferecendo fundos e produtos de diversos bancos e firmas de gestão de recursos, disse Velez. O UBS "não pretende ser um banco doméstico; em vez disso, planeja ser a janela para o mundo para os investidores brasileiros e mexicanos", disse.

O UBS não especificou com quais multi-family offices o banco estuda se associar, mas Quadrante, Reliance, Pragma, Turim, TAG e Taler estão entre os maiores do Brasil.

O modelo de negócio do banco está voltado a gerar valor a clientes de maior patrimônio, disse Velez.

Mesmo sem novas parcerias, o UBS espera que a adição da Consenso acelere o crescimento no Brasil, disse Velez.

"A economia brasileira está melhorando, há esforços de privatização, o Banco Central está flexibililizando a política monetária e isso deve permitir o crescimento generalizado de fortunas, há muitas empresas de médio porte e nós gostamos de mercados onde a riqueza é criada de forma ampla", disse Velez.