IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Uma das maiores mineradoras do mundo abandonará o carvão

Thomas Biesheuvel

10/11/2017 13h37

(Bloomberg) -- Há apenas cinco anos teria sido impensável que uma das maiores mineradoras do mundo não extraísse mais carvão. Hoje, isso provavelmente se tornará realidade.

A Rio Tinto Group, a segunda maior mineradora do mundo, vêm se afastando sem parar do carvão para focar em ativos melhores. Agora, a empresa procura comprador para as minas de carvão que ainda tem na Austrália. Quando vendê-las, ela abandonará totalmente o combustível.

O possível futuro sem carvão da Rio contrasta muito com várias das suas rivais. Neste ano, a Glencore, a maior exportadora mundial de carvão, aumentou sua exposição quando concordou em pagar US$ 1,1 bilhão e royalties por uma grande participação em ativos australianos vendidos pela Rio. O combustível, que gera cerca de 40 por cento da eletricidade do mundo, é uma das principais estratégias da BHP Billiton, e a Anglo American descartou planos para deixar de vender a commodity.

Muitas mineradoras são otimistas sobre o carvão, mas o combustível mais poluente do mundo se transformou em um ponto de conflito para um movimento cada vez maior de investidores que pedem às mineiras que diminuam sua exposição. Por exemplo, o fundo de patrimônio soberano da Noruega não investe em empresas que obtenham 30 por cento das suas vendas com carvão, taxa fixada em 10 por cento pela Igreja da Inglaterra.

"As pessoas estão escolhendo diversos níveis ao vender, já seja por motivos éticos ou comerciais", disse Helen Wildsmith, diretora de mudança do clima da CCLA Investment Management, que administra dinheiro para a Igreja da Inglaterra. "O fato de uma das grandes mineradoras diversificadas deixar de extrair carvão para termelétricas dá mais opções aos investidores."

Motivos

Contudo, a decisão da Rio tem mais a ver com o fato de que suas minas de carvão não podem concorrer com os outros de seus ativos do que com a pressão da mudança do clima ou de campanhas para vender. O CEO Jean-Sébastien Jacques afirmou que até mesmo uma empresa tão grande como a dele tem talentos e fundos limitados e deve concentrá-los em ativos mais produtivos. Além disso, a empresa conseguiu vender minas de carvão por preços que ela acha bons, fato que permite retornar mais dinheiro aos acionistas.

Mesmo assim, as mineradoras estão tendo que levar cada vez mais em conta como propostas globais de redução dos gases de efeito estufa impactarão no futuro das commodities extraídas por elas, disse Wildsmith, membro de uma equipe de investidores que fala sobre a mudança do clima com empresas como a BHP e a Rio.

"Todas as grandes mineradoras diversificadas estão tentando determinar quais commodities sofrerão a maior desvantagem no futuro, e a transição para uma menor emissão de carbono é uma das grandes incertezas enfrentadas por elas e outras empresas", disse ela. "Observamos que mais empresas integram sua análise dos cenários para a mudança do clima aos cenários macroeconômicos e cíclicos com que elas trabalham."