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Reino Unido questionará Facebook e Twitter sobre russos

Kitty Donaldson e Giles Turner

16/11/2017 14h18

(Bloomberg) -- O Reino Unido está tão alarmado com a magnitude e a proporção da interferência russa que os legisladores estão se preparando para interrogar os gigantes do Vale do Silício ? em pessoa e em Washington.

Ao mesmo tempo, um dos principais espiões do país tomou a medida incomum de declarar publicamente e pela primeira vez que o Kremlin realizou ataques cibernéticos contra as principais empresas de energia, tecnologia e mídia do Reino Unido.

Alarmado com a montanha de revelações, um comitê de legisladores do Reino Unido viajará em fevereiro para interrogar pessoalmente executivos do Twitter, do Facebook e do Google sobre a intromissão russa, inclusive no referendo sobre o Brexit, realizado no ano passado.

"Esta é uma das maiores ameaças à democracia", disse Damian Collins, presidente do comitê parlamentar do Reino Unido, que supervisiona a tecnologia, em entrevista por telefone sobre seu plano. "Pessoas que operam em um edifício em São Petersburgo podem direcionar notícias falsas e comentários extremamente partidários a milhões de pessoas, a um custo muito baixo e rapidamente."

Se a comissão realizar a investigação na embaixada britânica, ela terá o mesmo status legal que um testemunho concedido à Câmara dos Comuns em Londres.

Uma investigação maior também está acontecendo nos EUA, onde o assessor-geral adjunto do Twitter ? Sean Edgett ? disse aos legisladores que a empresa encontrou 2.752 contas associadas à Agência de Pesquisa da Internet, da Rússia. Collins disse que ambos os países estão "dando os primeiros passos" para compreender a ameaça.

Ataques cibernéticos

O Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido, parte da agência de interceptação de comunicações do país, lidou com mais de 600 ataques cibernéticos desde que foi criado, no ano passado. O chefe da organização, Ciaran Martin, disse em um discurso na quarta-feira que "a Rússia está tentando minar o sistema internacional".

Foi apenas na segunda-feira que a primeira-ministra Theresa May acusou a Rússia de estar por trás de "uma campanha contínua" de espionagem cibernética e perturbação. "Nós sabemos o que você está fazendo", disse May em um discurso dirigido a Vladimir Putin, no qual ela advertiu o líder russo de que ele não teria sucesso.

No início de novembro, a Comissão Eleitoral do Reino Unido anunciou uma investigação sobre Arron Banks, um empresário milionário do ramo de seguros que financiou campanhas no referendo de 2016 sobre a saída da União Europeia. A medida veio depois que legisladores solicitaram um inquérito sobre o possível papel de "fundos anônimos" no referendo.

Governos estrangeiros como Rússia e China podem ter sido responsáveis pela queda do site de registro de eleitores nas semanas que antecederam o referendo, de acordo com uma comissão parlamentar.

O jornal Times de Londres afirmou na quarta-feira que as contas russas do Twitter enviaram quase 45.000 mensagens sobre o Brexit em 48 horas durante a campanha do referendo em uma tentativa aparentemente coordenada de interferir no resultado da votação, citando pesquisas para um artigo que será publicado por cientistas de dados da Universidade de Swansea, do País de Gales, e da Universidade da Califórnia em Berkeley.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse na terça-feira que os comentários de May foram "irresponsáveis e infundados" e argumentou que ela estava tentando desviar a atenção das divisões internas do governo sobre o Brexit.

--Com a colaboração de Gregory L. White e Henry Meyer