Repressão a microempréstimos na China ameaça IPOs nos EUA
(Bloomberg) -- A nova investida das autoridades chinesas contra pequenas firmas que emprestam dinheiro vivo ameaça a listagem de ações de empresas locais nas bolsas de Nova York. Pequim intensificou os esforços para diminuir os riscos no setor de serviços financeiros, que movimenta US$ 40 trilhões.
De acordo com o jornal International Financial News, que é administrado pelo diário oficial, a China pretende acabar com as 157 instituições online que fazem microempréstimos, deixando apenas as estatais e as maiores firmas da internet com licenças intactas. Poucas das entidades existentes vão sobreviver, segundo a publicação.
Uma ampla faxina do segmento ? que oferece pela internet empréstimos quase imediatos, a juros geralmente elevados e sem garantias? ampliaria os esforços anteriores para combater essas atividades. A estimativa é que esses empréstimos somem US$ 152 bilhões. Notícias de que a China interrompeu a concessão de aprovações adicionais para microcredores da internet já haviam prejudicado os papéis de empresas como Qudian e PPDAI negociados em Nova York.
Se as firmas existentes forem obrigadas a passar pelos mesmos critérios, o momento seria especialmente ruim para Yangqianguan, LexinFintech Holdings, Dianrong e outras instituições financeiras que já planejam ou estudam abrir o capital nos EUA.
"Daria a impressão de risco enorme, enorme, tentar uma IPO com essa possibilidade", disse Christopher Balding, professor associado da Peking University HSBC School of Business. "Isso provavelmente paralisaria qualquer plano de IPO dessas empresas agora", ele disse, se referindo à sigla para initial public offering ou oferta inicial de ações.
Planos cancelados
Um porta-voz da LexinFintech se recusou a comentar, mas mencionou o prospecto da IPO, segundo o qual a companhia emitiu, entre janeiro e setembro de 2017, empréstimos com taxa efetiva anual de 25,3 por cento e duração média de 9,4 meses. De acordo com o prospecto, a LexinFintech capta junto a "fontes diversificadas".
A Yangqianguan não retornou telefonemas e um email da reportagem solicitando comentário. Uma porta-voz da Dianrong se recusou a comentar.
Os papéis da Qudian caíram 33 por cento desde a listagem em Nova York no mês passado. Os papéis da PPDAI começaram a ser negociados em novembro e já desabaram 37 por cento.
A rédea mais curta nas entidades que concedem microempréstimos se encaixa na campanha do governo para limitar o excesso de alavancagem e preservar a estabilidade financeira do país. Os esforços se concentrarão em quatro áreas: setor bancário paralelo (também conhecido como shadow banking), gestão de ativos, holdings de finanças e financiamento pela internet. A informação foi anunciada pelo comandante do banco central, Zhou Xiaochuan, em outubro durante um discurso em Washington.
Somente na semana passada, as autoridades apresentaram propostas de regras amplas para diminuir os riscos incidentes sobre os US$ 15 trilhões aplicados em produtos de gestão de ativos e divulgaram novos limites para a estrutura de capital dos bancos, em parte para proteger os bancos domésticos.
Não está claro quais firmas podem sucumbir à faxina do segmento de microempréstimos. Além disso, plataformas que juntam agentes interessados em conceder com agentes interessados em tomar empréstimos ? conhecidas como peer-to-peer ou P2P ? também oferecem créditos de curto prazo.
Mais de 60 das firmas de P2P da China oferecem empréstimos em dinheiro, de acordo com a Yingcan Group, que estima que o valor mensal total de empréstimos de curto prazo em dinheiro disparou de 789 milhões de yuans em janeiro do ano passado para aproximadamente 12 bilhões de yuans (US$ 1,8 bilhão) em outubro. A Yingcan calcula que os empréstimos em dinheiro ainda pendentes no país passam de 1 trilhão de yuans.
Alguns empreendimentos já reagiram ao rigor maior das autoridades. A Zhejiang Busen Garments, que tem valor de mercado de 6,77 bilhões de yuans na bolsa de Shenzhen, anunciou na quarta-feira o cancelamento do plano de montar uma divisão de microempréstimos online, citando a suspensão das aprovações para essas entidades. A Nexgo, empresa de pagamentos eletrônicos com valor de mercado similar na mesma bolsa, tomou a mesma decisão na quinta-feira.
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