Montadoras devem se adaptar para não morrer, diz CEO da Fiat
(Bloomberg) -- Sergio Marchionne, um dos CEOs mais longevos da indústria automotiva, fez um alerta contundente: as fabricantes de automóveis têm menos de uma década para se reinventarem ou correrão o risco de serem commoditizadas em meio à mudança radical das formas de abastecer, dirigir e comprar veículos.
O desenvolvimento de tecnologias como a eletrificação, os softwares de direção autônoma e o compartilhamento de viagens mudarão as decisões de compras de automóveis dos consumidores dentro de seis ou sete anos, afirmou o CEO da Fiat Chrysler Automobiles, em entrevista, em Detroit, antes do Salão Internacional do Automóvel Norte-americano, nesta semana. O setor se dividirá em segmentos, sendo que as marcas premium conseguirão manter o prestígio e as transportadoras de pessoas terão dificuldades para lidar com a investida de empresas disruptivas como a Tesla e a Waymo, do Google.
"As empresas automotivas precisam separar rapidamente aquilo que será engolido por ser commodity daquilo que tem marca", disse Marchionne.
Marchionne testemunhou grandes mudanças em seus quase 14 anos à frente da Fiat, período no qual comandou a combinação com a Chrysler, em 2014, e a separação da Ferrari, em 2016. O executivo de 65 anos, que estudou Filosofia e Direito antes de encontrar o caminho no negócio automotivo, é conhecido como iconoclasta, por tentar forçar fusões e por distanciar-se dos sedãs populares para focar em SUVs -- mudança que outras empresas agora estão copiando. Em entrevista de duas horas, o cidadão ítalo-canadense discutiu sua visão do setor e confirmou o plano de deixar o cargo no ano que vem.
Embora a indústria automotiva sempre tenha sido difícil -- a Chrysler e a GM foram à falência durante a crise financeira --, no passado os erros eram autoinduzidos, disse Marchionne. Agora, o tumulto é gerado por forças externas e está chegando mais rapidamente do que as pessoas esperam, disse ele -- uma visão surpreendente, considerando que a Fiat é vista como retardatária em relação a algumas concorrentes no quesito adaptação. Ele disse que a empresa está bem posicionada e que, em vez de torrar dinheiro para competir com o Vale do Silício, o setor deveria tentar identificar as melhores soluções das empresas de tecnologia e reduzir a exposição a produtos difíceis de defender.
"Este negócio nunca foi para os fracos", disse Marchionne. "As mudanças de tecnologia que estão chegando provavelmente o deixarão mais desafiador do que nunca."
Marchionne calcula, por exemplo, que até 2025 menos da metade dos carros vendidos serão totalmente alimentados por combustão, porque a gasolina e o diesel darão lugar a conjuntos de motor e transmissão híbridos, elétricos e de células de combustível.
Para efeito de comparação, a Bloomberg New Energy Finance projetou que, combinados, os carros elétricos movidos a bateria, como os da Tesla, e os híbridos plug-in superarão os motores mais convencionais em 2038. Essa previsão não inclui híbridos não plug-in, como o Toyota Prius a gasolina e elétrico.
--Com a colaboração de Craig Trudell
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