Grandes empresas de tecnologia se dizem arrependidas em Davos
(Bloomberg) -- O mais alto executivo do Google disse que o gigante das buscas on-line daria as boas-vindas a impostos mais altos. O novo CEO da Uber Technologies afirmou que a empresa precisa ser mais conciliatória com os órgãos reguladores. O veterano líder da Salesforce.com, Marc Benioff, comentou que o Vale do Silício tem sido arrogante e comparou o Facebook à indústria do tabaco.
No Fórum Econômico Mundial em Davos, nesta semana, os executivos do setor de tecnologia adotaram um tom conciliador em reconhecimento à nova realidade das maiores empresas de tecnologia do mundo. Ao contrário dos anos anteriores na reunião da elite global na Suíça, essas empresas já não são vistas majoritariamente como motores positivos de crescimento econômico. Governos, líderes empresariais e o público em geral começam a ver o poder e a influência do Vale do Silício com cautela e desconfiança.
"Somos iguais a qualquer outro setor", disse Marc Benioff, fundador da empresa de software corporativo Salesforce.com, avaliada em US$ 82 bilhões, em painel patrocinado pela CNBC. "Serviços financeiros, bens de consumo, alimentos -- na tecnologia, o governo terá que estar envolvido. Existe certa regulação, mas provavelmente terá que haver mais."
A autorreflexão é uma resposta às críticas enfrentadas pelo setor em todo o mundo por uma série de assuntos críticos: interferência eleitoral de grupos financiados pela Rússia; propagação de desinformação; distribuição de conteúdo extremista; frágil proteção à privacidade; violações antitruste; evasão fiscal; e a ameaça de enormes perdas de emprego como resultado dos avanços da automação e da inteligência artificial. Novos alertas estão surgindo a respeito dos efeitos fisiológicos da tecnologia, incluindo o vício em smartphones e danos à saúde mental provocados pelo uso das redes sociais.
As empresas afirmaram que querem trabalhar com as autoridades em uma série de desafios, entre eles a aceitação de impostos mais altos. "No Google, queremos servir a todos no mundo -- ou seja, a bilhões de usuários todos os dias --, e com isso vem uma grande responsabilidade", disse o CEO Sundar Pichai em entrevista. "Por isso precisamos estar abertos aos retornos e ter mais envolvimento com o mundo exterior."
Dara Khosrowshahi, que assumiu o cargo de CEO da Uber no ano passado em meio a várias investigações do governo relacionadas às agressivas táticas comerciais da empresa, usou Davos para dar sequência à turnê global de pedidos de desculpas. Segundo ele, a startup de transporte particular pegou atalhos em busca de crescimento e agora precisa trabalhar com órgãos reguladores, como a autoridade de transporte de Londres, cuja decisão de revogar a licença de táxis da Uber está sendo contestada pela empresa.
"Temos que romper com o passado", disse Khosrowshahi. Em discurso no início da semana, na Alemanha, Khosrowshahi disse: "agora estamos passando do crescimento a qualquer custo para o crescimento responsável". Ele também se reuniu com Jyrki Katainen, vice-presidente da Comissão Europeia para emprego, crescimento, investimento e competitividade.
O Fórum Econômico Mundial faz parte de uma turnê europeia mais ampla de muitos executivos do setor de tecnologia nesta semana. Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, prometeu, em discurso em Bruxelas, que a empresa "se esforçará mais" para aumentar a privacidade, combater o discurso de ódio e ser mais agressiva para enfrentar iniciativas de manipular sua plataforma para influenciar eleições. Sandberg e Pichai também se reuniram separadamente com o presidente da França, Emmanuel Macron, que ameaçou elevar os impostos aplicados às empresas de tecnologia dos EUA, para promover seus novos centros de pesquisas e contratações.
--Com a colaboração de Matthew Campbell Jeremy Kahn e Stefan Nicola
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