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Amazon assusta intermediários de venda de remédios nos EUA

Robert Langreth e Zachary Tracer

31/01/2018 16h12

(Bloomberg) -- O dia em que os intermediários na venda de remédios nos EUA tanto temiam finalmente chegou.

O setor acordou na terça-feira com a notícia de que a Amazon.com estava se juntando à Berkshire Hathaway e ao JPMorgan Chase para formar um novo negócio de assistência médica. As três companhias, que estão entre as mais famosas do mundo, tentam conter o custo crescente de cuidar da saúde de seus funcionários nos EUA.

Outros grupos de grandes empregadores já tentaram melhorar a assistência médica dos trabalhadores anteriormente, mas nenhum deles conseguiu destronar as administradoras de benefícios farmacêuticos que, segundo empresas farmacêuticas e alguns legisladores do país, não são transparentes sobre os acordos de preços que fecham em nome dos planos de saúde nem sobre quanto dinheiro guardam para si.

A nova parceria tem o potencial de ser uma das iniciativas mais ambiciosas de empregadores até agora para controlar as despesas de saúde. Embora as empresas tenham fornecido poucos detalhes, a combinação da influência e da experiência em tecnologia e finanças delas poderia ser usada para provocar mudanças drásticas na forma de pagar os medicamentos receitados, de acordo com analistas.

"Elas poderiam eliminar completamente os intermediários", disse Pratap Khedkar, diretor-gerente da consultoria de saúde ZS Associates. Ao fazê-lo, Amazon, Berkshire e JPMorgan poderiam obter um controle maior sobre seus gastos e economizar o dinheiro que atualmente fica para as administradoras de benefícios farmacêuticos, disse ele.

'Um pouco arrogante'

Os custos de saúde têm sido um fardo crescente para trabalhadores e empresas nos EUA, onde cerca de metade da população recebe seguro de saúde através do trabalho. Em média, 8,3 por cento das remunerações dos trabalhadores civis foram para a assistência médica em 2017, contra 7,3 por cento em 2004, de acordo com dados do governo dos EUA.

A mudança deve chegar lentamente. As empresas apresentaram poucas medidas concretas no anúncio e fazer grandes mudanças no sistema de saúde americano, ineficaz e arraigado, provavelmente será mais complicado do que Jeff Bezos e Warren Buffett imaginam, dizem alguns especialistas de saúde.

"É um pouco arrogante pensar que três grandes empresas vão chegar e reinventar a assistência médica", disse Zack Cooper, economista da Faculdade de Saúde Pública de Yale. "É como se as empresas de saúde dissessem que não gostam de seus telefones ou computadores e decidissem reinventar o setor de TI."

O novo empreendimento revelado pelo trio de titãs corporativos poderia ter a oportunidade de fazer algo bastante drástico, como negociar diretamente com as fabricantes os medicamentos mais vendidos ou criar um sistema de licitação on-line para negociar de forma transparente os preços dos remédios, disseram especialistas. Isso poderia acabar com uma grande fonte de lucro das administradoras de benefícios farmacêuticos.

A perspectiva de que a Amazon entre no setor de assistência médica tem preocupado varejistas, fabricantes de remédios e companhias de seguros desde o quarto trimestre do ano passado, quando surgiram notícias de que a varejista da internet havia obtido licenças de farmácia atacadista em mais de uma dezena de estados dos EUA.

--Com a colaboração de John Tozzi