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Candidato propõe polêmica construção de refinarias no México

Amy Stillman

28/02/2018 12h47

(Bloomberg) -- Os analistas do setor têm sérias dúvidas a respeito do plano para a construção de novas refinarias, com custo de US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões, apresentado pelo candidato à presidência do México que lidera as pesquisas.

A proposta do líder de esquerda Andrés Manuel López Obrador surge depois que o país foi obrigado a importar 75 por cento da gasolina que consumiu em janeiro devido a problemas enfrentados pela estatal Petróleos Mexicanos em meio a uma série de desastres naturais. No ano passado, as refinarias operaram com menos da metade da capacidade de processamento de petróleo, o que levantou dúvidas quanto à necessidade de novas usinas, considerando que as existentes têm potencial para produzir muito mais combustível.

Abel Hibert, assessor econômico de López Obrador, disse à Bloomberg na semana passada que as novas refinarias poderiam custar entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões. Os analistas do setor apontam os custos elevados e os desafios políticos como obstáculos para atrair investimentos para uma nova refinaria no México.

"Não acredito que alguém no mundo queira erguer uma refinaria no México", disse Robert Campbell, diretor de pesquisa de produtos de petróleo da Energy Aspects em Nova York. "Refinarias construídas do zero são extraordinariamente caras, e a incerteza política no México impossibilita esse tipo de investimento. O país não precisa de novas refinarias, e sim que as refinarias existentes sejam atualizadas."

Por enquanto, pelo menos, a petroleira estatal mantém uma postura parecida.

A estratégia da Pemex é reconfigurar as usinas existentes para que produzam gasolina e derivados de petróleo de maior qualidade com menos investimentos, segundo um porta-voz da Pemex, que pediu para não ser identificado devido a políticas internas.

As usinas provavelmente seriam operadas pela Pemex e financiadas pelo Estado ou por meio de parcerias público-privadas, embora as fontes do amplo financiamento necessário ainda não tenham sido definidas, segundo o partido da oposição que lidera as pesquisas de opinião para as próximas eleições.

Um porta-voz de López Obrador não respondeu a um pedido de comentário.

"Trata-se de um investimento muito elevado em um negócio com margens muito baixas", disse Alejandra León, analista da IHS Markit na Cidade do México. "Não faz muito sentido em termos econômicos nem políticos."

A concretização dos planos da Pemex de atrair investimentos privados tem demorado, e poucos acordos para unidades de refino foram anunciados. A produção de refino anual da empresa em 2017 foi a mais baixa em 27 anos. Esse fator, aliado à baixa produção de petróleo, contribuiu para um prejuízo de 352,3 bilhões de pesos (US$ 19 bilhões) no primeiro trimestre, o segundo pior da história da companhia.

"Um projeto construído do zero no México teria dificuldades para competir contra os EUA, um dos mercados de refino mais eficientes do mundo", disse Pablo Medina, vice-presidente da Welligence, consultoria de petróleo com foco na América Latina com sede em Houston. "Até agora, ninguém se apresentou."

--Com a colaboração de Adam Williams e Nacha Cattan