Gás cria problema em campo de petróleo mais produtivo dos EUA
(Bloomberg) -- O campo de petróleo mais produtivo dos EUA é agora o pior mercado de gás natural do país.
Uma escassez de gasodutos que está deixando o gás preso na Bacia do Permiano, no oeste do Texas, faz com que os preços do combustível na região sejam os mais baixos entre os grandes centros dos EUA, distinção que pertencia ao Marcellus Shale, nos Apalaches. Os preços do gás da Bacia do Permiano, extraído junto com o petróleo nessa formação, caíram 30 por cento em relação ao ano anterior e a produção chegou a um recorde. A crise de gasodutos também está atingindo o mercado de petróleo da região.
Toda essa produção de gás está criando um problema para os perfuradores, que poderiam ser forçados a diminuir a produção de petróleo se não conseguirem colocar esse gás no mercado. Os produtores podem queimar uma parte do gás -- processo conhecido como 'flaring' -- mas normalmente os órgãos reguladores estaduais não permitem fazer isso indefinidamente. Além disso, como o clima ameno da primavera limita a demanda pelo combustível de aquecimento, talvez esse gás seja dado de graça pelos exploradores, segundo a corretora Ion Energy Group.
Nas próximas três a quatro semanas "os preços do gás natural no Permiano podem ficar zerados porque ele é literalmente um subproduto", disse Kyle Cooper, consultor da Ion Energy em Houston, em entrevista por telefone. "É tanto gás que o sistema faz de tudo para que saia."
Problemas
As reservas de petróleo bruto barato enterradas nas camadas de xisto do Permiano atraíram muitos exploradores, mas cerca de um terço da produção desses poços é gás, segundo a RS Energy Group. No entanto, a capacidade dos gasodutos não conseguiu acompanhar o aumento da produção de gás da formação.
Uma saída emergente para o excesso: o México. A demanda pelo combustível deu um salto no mercado de eletricidade do país, que foi desregulado recentemente, à medida que novas centrais elétricas a gás foram sendo construídas. Várias empresas, da Sempra Energy à TransCanada, estão construindo dutos para enviar gás do Texas ao México, porém vários desses projetos estão tendo atrasos ao sul da fronteira, muitas vezes devido à oposição de grupos indígenas.
Outro fator que trabalha contra os produtores do Permiano: o calendário. O preço do gás para entrega no hub de Waha, no oeste do Texas, já caiu 13 por cento até agora neste mês, para US$ 1,84 por milhão de BTU na terça-feira, um desconto de 29 por cento em relação ao fornecimento do combustível no Henry Hub da Louisiana, referência para os futuros americanos. Além disso, a forte queda no Permiano continuará piorando nas próximas semanas porque o clima ameno da primavera diminui a demanda de aquecimento e a geração de energia eólica aumenta, substituindo as centrais elétricas a gás, disse Cooper.
O gás do Permiano poderia chegar a custar em média US$ 1,85 por milhão de BTU neste ano, escreveram analistas da Tudor Pickering Holt & Co. em nota de pesquisa de 6 de março. Mas dentro de alguns dias esse valor poderia zerar ou até mesmo se tornar negativo, segundo Cooper.
"O pior cenário seria ter que desacelerar a produção de petróleo por não conseguir retirar o gás da bacia", disse Colton Bean, diretor de pesquisa midstream na Tudor Pickering.
--Com a colaboração de Serene Cheong
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