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Fabricantes de carros da China querem dominar ruas do futuro

Bloomberg News

24/04/2018 12h37

(Bloomberg) -- Em um ensolarado dia desta primavera boreal em Amsterdã, fãs dos carros entravam em um armazém escuro para saborear espetinhos de carneiro e coquetéis de ruibarbo, cortesia da Lynk, que exibia seu novo SUV híbrido.

O que parecia ser apenas mais um lançamento de um novo veículo era na verdade algo mais: a festa de lançamento global da ambiciosa indústria automobilística chinesa. Pela primeira vez, um carro de marca chinesa será fabricado na Europa Ocidental para ser vendido lá, com o objetivo final de chegar às concessionárias dos EUA.

Este é o grande plano do bilionário Li Shufu, que passou de fundar a Geely Group como fabricante de geladeiras na década de 1980 a ser dono da Volvo Cars, da fabricante britânica de carros esportivos Lotus, da fabricante dos táxis pretos de Londres e o maior acionista da Daimler - inventora do automóvel. Li encabeça as aspirações da China de se colocar entre os três maiores nomes da indústria automobilística mundial - os EUA, a Alemanha e o Japão - e formar os Quatro Grandes.

"Quero que o mundo inteiro ouça o rangido dos carros Geely e de outros carros fabricados na China", disse Li à Bloomberg News. "O sonho da Geely é se tornar uma empresa globalizada. Para isso, precisamos sair do país."

Ele não é o único a pensar assim: pelo menos quatro fabricantes chinesas de veículos e três startups de propriedade chinesa - SF Motors, NIO e Byton - planejam vender carros nos EUA a partir do ano que vem. Além disso, a BYD, financiada por Warren Buffett, está produzindo ônibus elétricos na Califórnia; a Baidu é parceira da Microsoft, da TomTom e da Nvidia em uma plataforma de direção autônoma; e a TuSimple, com sede em Pequim, está testando grandes plataformas de condução autônoma no Arizona.

O setor enfrentará mais turbulências à medida que a China eliminar uma política vigente há duas décadas que limita a 50 por cento a posse estrangeira de empreendimentos de produção de carros. A mudança pode estimular empresas como a Volkswagen e a Ford Motor a buscar uma fatia maior do maior mercado automotivo do mundo e permitir que a Tesla instale uma unidade de propriedade total. As fabricantes de veículos podem obter uma visibilidade melhor de seu futuro, e as empresas chinesas que temem perder vendas no país podem sentir um ímpeto maior para ir ao exterior.

"Agora elas estão em uma posição melhor do que nunca", disse Anna-Marie Baisden, chefe de pesquisa de automóveis da BMI Research em Londres, sobre as fabricantes chinesas de veículos. "Elas estiveram muito tempo trabalhando com fabricantes internacionais e se tornaram muito mais maduras".

As empresas chinesas anunciaram pelo menos US$ 31 bilhões em negócios no exterior nos últimos cinco anos, incluindo a compra de participações em fabricantes de automóveis e produtoras de peças, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"A China nunca escondeu sua ambição de ter uma indústria automobilística realmente grande e poderosa", disse Michael Dunne, presidente da consultoria Dunne Automotive em Hong Kong. "A China pretende liderar e dominar o setor de veículos elétricos."