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China convida estrangeiros a investir em fundo de tecnologia

Bloomberg News

25/04/2018 12h12

(Bloomberg) -- A China quer atrair investimentos estrangeiros para financiar seu plano de se tornar um nome de excelência na indústria de semicondutores, uma medida inesperada em um momento em que os EUA se opõem à pretensão do país asiático de dominar tecnologias de próxima geração.

Como parte dos esforços para reduzir a enorme dependência de tecnologia estrangeira, o governo chinês criou um fundo que pretende captar 200 bilhões de yuans (US$ 31,7 bilhões) para financiar diversos tipos de empresas nacionais, de criadoras de processadores a fabricantes de equipamentos. O China Integrated Circuit Industry Investment Fund agora vai aceitar capital estrangeiro, disse o superintendente da indústria de tecnologia do país nesta quarta-feira.

"A segunda fase do fundo nacional Integrated Circuit continua captando recursos. Convidamos empresas estrangeiras a participar do fundo", disse Chen Yin, engenheiro-geral e porta-voz do Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação, a jornalistas em Pequim.

Os semicondutores estão no centro de uma disputa entre as duas maiores economias do mundo, uma briga que está provocando aumento de tarifas, está esfriando os investimentos chineses em empresas americanas e dificultando o desenvolvimento de tecnologias, como wireless de quinta geração e inteligência artificial, no país asiático. O governo dos EUA está até considerando recorrer a uma lei de 1977 que permitiria que o presidente Donald Trump declarasse uma emergência nacional, bloqueasse transações e confiscasse bens.

A decisão dos EUA de incluir a ZTE em uma lista negra por sete anos fez com que Pequim lembrasse a necessidade urgente de reduzir sua dependência das tecnologias americanas. Ironicamente, a medida tomada contra a ZTE impulsionou o plano da China de desembolsar US$ 150 bilhões ao longo de 10 anos para chegar a uma posição de liderança em design e fabricação de chips. Nos EUA, executivos e autoridades alertaram diversas vezes que isso poderia prejudicar os interesses americanos.

A China está tentando reduzir a dependência das importações de semicondutores, que totalizam cerca de US$ 200 bilhões anuais, quase a mesma quantia que o país gasta na importação de petróleo. A China compra cerca de 59 por cento dos chips vendidos em todo o mundo, mas as fabricantes locais respondem por apenas 16,2 por cento da receita global de vendas do setor, segundo a PwC. No entanto, o maior receio é de que uma indústria de semicondutores fraca possa afetar a segurança nacional e prejudicar o setor de tecnologia, que atualmente prospera.

O primeiro fundo Integrated Circuit arrecadou cerca de 140 bilhões de yuans para mais de 20 empresas de capital aberto, incluindo a ZTE e a fabricante de chips Semiconductor Manufacturing International Corp. Inicialmente, os investidores no veículo eram principalmente o governo central e governos locais e empresas estatais. Não está claro se o ministério recebeu propostas estrangeiras.

"A China tem um enorme mercado de produtos eletrônicos de informação e continuaremos apostando na inovação e na cooperação internacional", disse Chen. "Buscaremos avanços mais rápidos em tecnologias fundamentais."