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Investidores caçam barganhas no mercado de títulos emergentes

Selcuk Gokoluk, Lilian Karunungan e Ben Bartenstein

14/06/2018 11h50

(Bloomberg) -- Alguns dos maiores investidores do mercado de títulos corporativos estão procurando pechinchas nos mercados emergentes que sofreram os maiores abalos dos últimos tempos, incluindo Brasil e Turquia.

A súbita piora no sentimento em relação a países em desenvolvimento colaborou para ampliar o spread entre os rendimentos desses papéis e dos títulos do Tesouro americano para o maior nível desde 2016. No entanto, os fundamentos das empresas não foram atingidos e títulos corporativos que pareciam caros há alguns meses agora estão baratos aos olhos de investidores.

"Para quem entrar agora, a probabilidade de retorno negativo em um ou dois anos é limitadíssima", avalia Wouter van Overfelt, da Vontobel Asset Management, de Zurique, administrador de um fundo voltado para títulos corporativos de países emergentes que superou 99 por cento da concorrência no último ano.

Estes são alguns dos títulos corporativos preferidos dos investidores focados em emergentes:

* Overfelt, gestor sênior de carteiras da Vontobel** Ativo favorito: Turkcell Iletisim Hizmetleri, uma operadora de telefonia celular da Turquia.** "Essa companhia fez hedge de praticamente toda a exposição em dólar e tem baixa alavancagem. Essa empresa vai sobreviver ao tumulto e ainda ganhar dinheiro adiante porque as pessoas não vão parar de usar o celular mesmo se o país estiver em crise."

* Patrik Kauffmann, que ajuda a administrar US$ 11 bilhões na Solitaire Aquila, em Zurique. Seu fundo global superou 97 por cento da concorrência ao longo dos últimos três anos.** Ativo favorito: A fabricante indiana de alumínio Vedanta.** A oscilação do preço "não faz sentido". A companhia apresentou resultados "extraordinários" no último trimestre. "A empresa gera receita em dólares e tem custo em rúpias, então dá para imaginar os resultados no próximo trimestre se os preços das commodities permanecerem estáveis, dado que a rúpia se desvalorizou em relação ao dólar."

* Warren Hyland, da Muzinich. Seu fundo de dívidas de mercados emergentes superou 95 por cento da concorrência no último ano.** Ativo favorito: A refinaria turca de petróleo Turkiye Petrol Rafinerileri (Tupras).** Os títulos foram pressionados por preocupações relativas à política monetária e às eleições na Turquia neste mês. Ainda assim, o fluxo de receita em dólares e o status de monopólio tornam a empresa atraente.

* Eric Wong, gestor de carteiras de renda fixa da Fidelity International, em Hong Kong. Seu fundo de dívidas corporativas de países emergentes superou 88 por cento da concorrência ao longo de um ano.** Ativos favoritos: Diversas empresas dos setores financeiro e imobiliário da China e da Índia estão subvalorizadas.** Ele também gosta de emissões recentes de empresas de seguro de vida da Coreia do Sul. Algumas companhias têm fundamentos muito fortes, mas devido a aspectos técnicos desfavoráveis do mercado, seus papéis são negociados como se fossem do segmento de alto rendimento.

* Omar Slim, gestor de carteiras asiáticas de renda fixa da PineBridge Investments, em Cingapura. Seu fundo focado em Ásia superou 92 por cento da concorrência no último ano.** Ativos favoritos: Instituições financeiras, em especial as maiores, são atraentes em termos de fundamentos e preços dos papéis.** "Gostamos de algumas das maiores estatais chinesas, que consideramos sistêmicas e ficarão ainda mais sistêmicas à medida que a reforma progride."

* Andrey Kuznetsov, gestor de carteiras de crédito da Hermes Investment Management, em Londres.** Ativo favorito: A produtora brasileira de minério de ferro Vale.** A companhia se beneficia da depreciação do real e do fato de o minério de ferro ser cotado em dólar. Ele vê progresso significativo em termos ambientais, de governança corporativa e prestação de contas. O minério de ferro da Vale "tem altíssima qualidade e, por isso, a companhia é beneficiária do maior foco da China em questões ambientais".

* Anton Kerkenezov, gestor de recursos que ajuda a supervisionar aproximadamente US$ 9 bilhões em títulos de mercados emergentes na Aviva Investors, em Londres.** Ativos favoritos: Títulos corporativos emitidos por empresas brasileiras como Petrobras, Rumo e Votorantim Cimentos.** Os papéis estão "atraentes após a queda recente dos ativos brasileiros".

Repórteres da matéria original: Selcuk Gokoluk em London, sgokoluk@bloomberg.net;Lilian Karunungan em Singapore, lkarunungan@bloomberg.net;Ben Bartenstein em Lima, bbartenstei3@bloomberg.net