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Rússia e Arábia Saudita buscam acordo da Opep em cúpula da Copa

O presidente russo, Vladimir Putin (à esq.) cumprimenta o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em Moscou - Yuri Kadobnov/AFP Photo
O presidente russo, Vladimir Putin (à esq.) cumprimenta o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em Moscou Imagem: Yuri Kadobnov/AFP Photo

Elena Mazneva, Javier Blas e Grant Smith

14/06/2018 11h53

(Bloomberg) -- Venha pelo futebol, fique pela diplomacia do petróleo.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, discutirão como ampliar a produção de petróleo mantendo sua aliança quando se reunirem em Moscou, nesta quinta-feira (14), para assistir ao jogo de abertura da Copa do Mundo entre os dois países.

Os maiores exportadores de petróleo do mundo negociam como reformular o acordo bem-sucedido e sem precedentes para controlar a produção de petróleo em um momento em que as sanções dos EUA ao Irã e o colapso do setor de petróleo da Venezuela ameaçam provocar uma disparada do petróleo.

Eles também precisam enfrentar o presidente dos EUA, Donald Trump, que usou sua conta no Twitter na quarta-feira para atacar a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) por inflar os preços artificialmente.

"Esta é a reunião mais política da Opep em muito tempo", disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultora Energy Aspects.

A Arábia Saudita e a Rússia propuseram planos para o chamado grupo Opep+, que adicionaria até 1 milhão de barris por dia, cerca de 1% da produção global, embora Riad prefira um aumento menor. As idas e vindas indicam que ainda existem grandes diferenças, mesmo entre Riad e Moscou, que vêm trabalhando em estreita colaboração nos últimos dois anos.

Os dois países compartilham a visão de que a produção deve aumentar gradualmente, mas o volume exato de petróleo que pode ser devolvido ao mercado e o momento do aumento ainda estão em discussão, disse o ministro de Energia russo, Alexander Novak, em entrevista, em Moscou, nesta quinta-feira.

Novak conversou na noite de quarta-feira com seu colega saudita, Khalid Al-Falih, e ambos se encontram novamente nesta quinta-feira. Chegar a um entendimento mútuo pode ser mais fácil do que fechar um acordo mais amplo entre os 24 países vinculados pelo acordo firmado pela primeira vez no fim de 2016.

A Opep se reunirá em Viena em 22 de junho e o Irã, a Venezuela e o Iraque se mostraram publicamente contrários ao aumento da produção.

"Um aumento da produção dos quatro principais produtores (Kuwait, Rússia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) parece inevitável", disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup em Nova York, em nota a clientes. Mas menos de 10 dias antes da reunião ainda não havia uma decisão a respeito do tamanho e do momento de um possível aumento, disse.

Teerã ilustrou a divisão dentro do cartel na quarta-feira, quando uma autoridade sênior disse que os níveis atuais de produção eram adequados e que o grupo não deveria se submeter à pressão dos EUA.

A Rússia e a Arábia Saudita formaram sua aliança improvável em 2016 após reuniões presenciais entre Putin e Mohammed bin Salman.

A abertura diplomática possibilitou que Moscou se unisse à Opep para reduzir a produção pela primeira vez em mais de uma década, quando 24 países concordaram em diminuir a produção em 1,8 milhão de barris por dia para eliminar um excesso de oferta que reduzia os preços.

(Com a colaboração de Wael Mahdi)