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Apps de celular são nova ameaça a distribuidoras de eletricidade

Rachel Morison

20/06/2018 14h17

(Bloomberg) -- As distribuidoras de eletricidade precisam ser mais parecidas com as empresas de tecnologia para sobreviverem.

A forma de interação dos clientes com os fornecedores, provavelmente por meio de aplicativos de celular, será fundamental para o sucesso das empresas de energia, segundo Anna Borg, diretora financeira da empresa sueca Vattenfall, que abastece cerca de 6,5 milhões clientes com eletricidade em toda a Europa. A empresa alocou US$ 335 milhões em novos negócios, como a recarga de veículos elétricos.

Os fornecedores de energia têm enfrentado uma longa batalha para tentar fazer com que os clientes se preocupem mais com o abastecimento do que simplesmente com o custo. A visão do setor para a "casa inteligente", com aquecimento e eletrodomésticos controlados por meio do telefone e um carro elétrico do lado de fora, é uma chance para as empresas deixarem de ser simples fornecedoras de elétrons e passarem a ser prestadores de serviços de alto valor.

"Estamos trabalhando com pequenas startups na experiência do usuário", disse Borg, em entrevista, em Londres. "Historicamente, este não é o lado forte das distribuidoras de energia."

Os comentários mostram as preocupações de todo o setor de energia com o cerco ao seu antigo modelo de negócio. Durante décadas, as grandes geradoras mantiveram o monopólio do abastecimento e da distribuição de eletricidade. Agora, a tecnologia e a desregulação estão permitindo que as startups atraiam clientes com serviços melhores de faturamento e geradores de energia independentes para abastecerem a rede com usinas menores e mais rápidas de construir.

No Reino Unido, o número de provedores se multiplicou por quase seis nesta década, corroendo a participação de mercado das distribuidoras chamadas Big Six para 78 por cento, contra um monopólio em 2004. A maior fornecedora de energia do país, a Centrica, perdeu 750.000 clientes em 2017 e outros 111.000 nos quatro primeiros meses deste ano.

Experiência do usuário

Na visão da Vattenfall, para não ficar para trás é preciso se concentrar na experiência do usuário e também em manter os custos baixos, disse Borg. Ela citou o setor de telecomunicações, no qual a evolução dos smartphones, das redes sociais e dos dados deixou os antigos líderes do setor para trás em relação a empresas como o Google, da Alphabet, e a Apple.

"O que aconteceu no setor de telecomunicações foi que chegaram empresas de pequeno e médio porte e ofereceram algo melhor a um décimo do custo", disse Borg. "Estamos testando modelos de negócio diferentes. Fizemos algumas aquisições de empresas menores e estamos à procura de mais parcerias."

Empresas de tecnologia como a Amazon.com poderiam entrar no negócio de abastecimento de energia fechando pacotes com outros serviços.

"Nós só vimos ofertas moderadas até agora, nada que realmente tenha decolado", disse Martijn Hagens, chefe de clientes e soluções da Vattenfall, no dia de mercado de capitais da empresa em Londres, na segunda-feira. "Para essas empresas não é fácil construir a cadeia de valor ou obter energia, mas isso poderia ser um fator surpresa para a que conseguir."

A Vattenfall fornece energia na Suécia, na Finlândia, na Holanda, na Alemanha e no Reino Unido.