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Mercado de apartamentos de Toronto pode enfrentar turbulência

Natalie Wong e Chris Fournier

22/06/2018 14h38

(Bloomberg) -- A frieza que tomou conta de alguns segmentos do mercado imobiliário de Toronto poderia contagiar em breve um de seus setores mais quentes: os apartamentos.

Indícios de desaceleração surgem em um momento em que novas regras complicam a obtenção de hipotecas e os custos do crédito aumentaram pela primeira vez em quase dez anos. Isso está reduzindo o apelo dos apartamentos de Toronto, cuja média de preços atualmente supera 560.000 dólares canadenses (US$ 420.000). Os projetos estão demorando mais para serem vendidos e, em algumas regiões, as incorporadoras imobiliárias estão usando incentivos para vender unidades.

"Estão sendo oferecidos incentivos em dinheiro, desconto em estacionamento", disse Robert Gidwani, corretor da REsource Realty, em entrevista por telefone de Toronto. "Temos visto mais incentivos, especialmente no mercado de revenda, e vemos menos concorrência pelas ofertas."

Christopher Bibby, corretor da RE/MAX Hallmark Bibby Group Realty, disse que a demanda por apartamentos "impressionantes" continua "extremamente ativa", como uma unidade de um quarto perto da rua Bloor com vista para o rio. Este apartamento foi vendido pelo preço de tabela de 629.900 dólares canadenses em menos de 48 horas.

Fadiga do comprador

Mas os apartamentos mais comuns estão demorando mais para serem vendidos. "Não vemos o mesmo ritmo de crescimento ou de agressividade do lado do comprador", disse ele.

Resta saber se os apartamentos vão sucumbir à queda observada no segmento de casas unifamiliares, o que indicaria uma correção mais ampla no mercado imobiliário canadense, risco sinalizado pelas autoridades há vários anos, mas que até agora não se materializou. Os apartamentos representaram 30 por cento das vendas em Toronto em maio.

Shaun Hildebrand, da fornecedora de dados sobre apartamentos Urbanation, disse que os preços altos e a fadiga dos compradores, em particular dos investidores, estão influindo. "Em comparação com o ano passado, quando novos projetos eram vendidos quase imediatamente após o lançamento, as absorções moderaram e voltaram a patamares mais normais historicamente neste ano", disse ele.

Ao contrário dos preços das casas, que caíram quase 10 por cento em relação ao pico registrado no ano passado, os preços dos apartamentos continuaram subindo e bateram um recorde em maio. Mas o ritmo de apreciação desacelerou. Com base interanual, o aumento de 8,3 por cento no preço de referência dos apartamentos em maio foi o menor em quase dois anos, e as vendas caíram 16 por cento em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Ao mesmo tempo, a oferta está aumentando. A agência federal de habitação afirmou que começaram as obras de construção de 7.691 unidades no primeiro trimestre, o maior número desde pelo menos 1990. A Urbanation projeta que o número de obras poderia bater recordes nos próximos dois ou três anos, à medida que incorporações de alto nível chegarem, como um projeto de Frank Gehry que incluirá a torre residencial mais alta do país, com 92 andares.

--Com a colaboração de Erik Hertzberg.

Repórteres da matéria original: Natalie Wong em Toronto, nwong133@bloomberg.net;Chris Fournier em Ottawa, cfournier3@bloomberg.net