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Fiat faz planos de contingência comercial de 'enorme escala'

Gabrielle Coppola

29/06/2018 15h24

(Bloomberg) -- A Fiat Chrysler Automobiles está desenvolvendo planos de contingência para ajustar a projeção industrial para o caso de as duras táticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump, resultarem em tarifas automotivas mais elevadas ou no cancelamento dos acordos comerciais existentes.

A fabricante ítalo-americana analisa planos de produção alternativos desde a eleição de Trump, disse Bob Lee, chefe de motor e transmissão do Conselho Executivo de Grupo do CEO Sergio Marchionne, formado com 25 membros.

"São planos de contingência de enorme escala -- planejamento baseado na oferta, planejamento logístico e planejamento para os locais de fabricação dos veículos", disse Lee, em entrevista, na quinta-feira. "Isso não é algo trivial e vem ocorrendo há algum tempo."

Trump gerou calafrios no setor ao estudar a aplicação de uma tarifa de 25 por cento aos carros e peças importados, medida que pode custar aos EUA as vendas de até 2 milhões de novos veículos leves por ano, segundo a empresa de pesquisa LMC Automotive. As fabricantes de automóveis e fornecedoras com sede fora dos EUA criticaram o plano nesta semana, alertando que provocará preços mais altos para os consumidores e a perda de centenas de milhares de empregos nos EUA.

Trump ordenou uma investigação às importações de automóveis no mês passado por meio da seção 232 da Lei de Expansão do Comércio de 1962, a mesma que ele usou para impor tarifas ao aço e ao alumínio importados. Apesar de alguns analistas minimizarem o fato, dizendo que se tratava de uma tática de negociação para pressionar o Canadá e o México em relação às condições do Acordo de Livre Comércio da América do Norte e também a União Europeia, a LMC afirma que aumentam as chances de aplicação de tarifas.

Investimento em picapes

A Fiat Chrysler anunciou em janeiro que investirá US$ 1 bilhão para adaptar a fábrica de Warren, Michigan, para assumir a produção das poderosas picapes Ram, atualmente fabricadas em Saltillo, no México, a partir de 2020. Trump imediatamente comemorou o anúncio, que criará 2.500 empregos nos EUA, mas sugeriu em várias ocasiões, incorretamente, que a Fiat Chrysler está abandonando suas fábricas mexicanas.

A fabricante de automóveis formada com a falência da Chrysler, em 2009, tem três unidades de montagem no México e duas no Canadá. Suas seis fábricas nos EUA estão em plena capacidade no formato atual, disse Lee, em um evento de promoção da linha de modelos de 2019 da empresa, em Chelsea, Michigan. Alguns modelos Jeep também são fabricados fora da América do Norte, onde a empresa gera 66 por cento das receitas e 83 por cento dos lucros operacionais, segundo dados compilados pela Bloomberg.